sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Os blogs e a campanha eleitoral

A CBN Curitiba faz reportagem sobre o possível impacto dos blogs na campanha eleitoral de 2008 e as infrações que podem ser cometidas por candidatos, na visão do TRE (leia a íntegra aqui).


De fato, a proliferação de blogs, de comunidades de relacionamento e a própria arquitetura da internet, como uma rede aberta, poderiam, em tese, favorecer a prática de ilicitudes, difíceis de controlar.


Mas não é tão simples assim... É importante enfatizar que hoje em dia, ninguém mais é anônimo na internet. É possível rastrear o site que está hospedando o blog, ou qual computador postou um comentário nesse mesmo blog, na comunidade virtual, ou mesmo em um site específico. Identificar o autor é coisa relativamente trivial. Já sua punição, se estiver fora da lei, é outro departamento.


Na hipótese de tanto o autor da matéria irregular quando seu hospedeiro estarem no Brasil ou em país com quem o Brasil tem algum tratado de reciprocidade, é possível, sim, rastreá-los e, se for o caso, puni-los. É possível, também, mesmo que o conteúdo esteja em local "inóspito", mas o autor estiver por aqui, usar as técnicas de rastreamento para fazer valer a lei. É bom lembrar que, em qualquer caso, uma propaganda mal feita, seja contra ou a favor, pode fazer o feitiço virar contra o feiticeiro, em termos de marketing eleitoral


Nem mesmo a principal dificuldade de fiscalização, a característica passageira dos conteúdos de internet é mais fator de inibição do rastreamento. Ferramentas como o Google registram em seus computadores (memória cache) quase todo o conteúdo da internet. Assim, mesmo que a matéria seja veiculada por pouco tempo, as chances de que ela seja capturada pelos vários mecanismos de busca é enorme, embora haja dúvidas se uma evidência dessa natureza tenha validade legal.

Dada a baixa credibilidade dos políticos em geral, é importante avaliar se uma propaganda veiculada na internet e fora dos parâmetros legais ajuda ou atrapalha... Eu acho que mais atrapalha do que ajuda, mas sempre vão existir os fanáticos por uma luz ao sol ou os desesperados que vão para o "tudo ou nada" que estão dispostos a correr riscos. Eu não recomendaria, mas, como conselho se valesse alguma coisa seria cobrado, e não dado, fica apenas o registro.

Na prática, o que provavelmente veremos -até bem antes do período permitido, 6 de julho de 2008- será uma enxurrada de blogs, comunidades e sites falando bem e mal de muitos candidatos, especialmente os mais cotados para a vitória. As denúncias, de fato, já começaram, e tanto o Ministério Público como a Justiça Eleitoral podem ter muito trabalho.

São as dores da democracia, agora com o fator tecnologia fazendo parte indissociável do processo. Como tudo que é novo, precisaremos aprender a conviver, aproveitar as vantagens e eliminar as desvantagens.

Na minha opinião, a incorporação definitiva da internet no processo da discussão de propostas leva ao aprimoramento da verdadeira e talvez não tão utópica democracia. A conferir...


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Windows Vista: Chegou a hora de ter um?

Se você é um usuário pessoa física, e está em dúvidas sobre o momento correto de trocar seu computador de mesa ou portátil, que vem sendo tentado por ofertas irresistíveis de máquinas novas, mais poderosas, com novas funcionalidades, é para você que vai essa postagem.


Depois de uma razoável experiência pessoal com o Windows Vista, dá para afirmar que o dito ainda não está totalmente pronto para o usuário doméstico comum. Ele é surpreendentemente instável, muitos programas e acessórios de hardware não funcionam, e requer uma configuração parruda para funcionar.

As versões de entrada Home Basic e Stater Edition são limitadas e não trazem as principais funcionalidades que o Vista se espera de um sistema operacional que pretende atender a um mercado cada vez mais exigente e sofisticado. O Home Basic é um Xp Home Edition com roupa nova, pouco mais do que isso. E o Vista Starter Edition tem limitações sérias de número de sessões que podem ser abertas simultaneamente, é como se você comprasse o ingresso para ver umfilme e só te passassem o trailer.

A Microsoft recém lançou uma atualização de porte para o Xp, o Service Pack 3 (SP-3) que corrige uma série de vulnerabilidades antigas e dá mais robustez e estabilidade a um produto já consagrado. E tudo que você tem instalado em sua máquina vai continuar funcionando.

O estranho é que muitos periféricos de lançamento recente, inclusive webcams, não funcionam com o Windows Vista, seja porque os fabricantes ainda não atualizaram os 'drivers', aqueles programinhas necessários para que o equipamento funcione. Pode até ser que esses 'drivers' nem venham a ser atualizados e aí sua impressora, seu scanner, sua webcam vão ficar mudos para sempre.

De outro lado, veremos cada vez mais fabricantes de computador forçados ou motivados a oferecer o Vista, pois o Xp estará em fase de congelamento de novas versões.

O quê fazer, se o leitor e ouvinte é um usuário sem grandes conhecimentos técnicos - especialmente de 'macetes' do Windows - ou não tem tempo para perder?

Algumas dicas:

- Se puder adiar sua compra, faça-o. Dentro de 3 a 6 meses, esses problemas deverão estar na maioria solucionados, embora novos devam aparecer
- Dependendo de seu uso, considere um computador com Linux, mais leve e mais barato
- Evite a compra de máquinas com Vista Home Basic e Starter Edition
- Informe-se se seus programas de uso cotidiano, que são importantes para você, vão funcionar no novo sistema operacional
- Verifique se hardwares que você pretende preservar, como impressoras, webcams, câmeras digitais, scanners e outros têm suporte para sua nova máquina, e vão funcionar adequadamente.
- Jamais faça o 'upgrade' do Xp para o Vista em seu computador atual, qualquer que seja a marca, modelo e configuração
- Considere no seu plano de investimento no novo computador o custo total, que pode implicar na troca de uma boa parte dos programas e periféricos de hardware, além de um eventual treinamento em sala de aula ou por um "personal computer trainer"

Mas, se você precisa trocar, ou comprar mais um computador, e o Windows é sua decisão, então vá de Vista, mas nas versões mais avançadas, o Home Premium, o Professional ou o Ultimate. E ponha um bom processador, um mínimo de 2Gb de memória, bastante capacidade de disco e aproveite a nova interface da Microsoft, que é realmente muito interessante.

O Vista, como qualquer outro sistema operacional, nasce com muitos bugs e muitas incompatibilidades. Mas, dado o porte da Microsoft, a rápida adoção do Vista, e a própria dinâmica de mercado, que faz com que a maioria das máquinas com plataforma Microsoft já rodem Vista, provavelmente em 2008, é uma aposta segura que ele estará tão ou mais estável do que o Xp é hoje.

Mas, já que é para mudar, porque não considerar também um Mac? Pode ser que seja a hora de uma mudança radical... As máquinas da Apple continuam caras, mas a diferença já é bem menor em relação às máquinas com Windows, o sistema operacional OSX é muito bom, o processador agora é Intel, e, em muitos modelos, você pode também ter o Vista instalado, e rodar em dois ambientes distintos. E tem aquele design imbatível, cada um mais lindo do que o outro.

Eu não mudei, quando da minha recente aquisição de um desktop. Mas confesso que essa minha decisão não me deixou totalmente realizado... O lado bom é que estamos em uma era onde as opções são muitas.

Finalmente, mais um ingrediente para aumentar a confusão: salvo algum cataclisma na economia, os preços de computadores devem cair ainda mais, e não só por causa do dolar razoavelmente sob controle. É que os preços de monitores de cristal líquido (LCD) e memórias flash deram mais uma despencada no exterior, e os efeitos logo serão sentidos por aqui.

Boa escolha!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Transparência Tecnológica

No dia 12 de setembro de 2007, o Senado Federal, com 100% de presença -e em seção secreta- resolveu absolver o presidente da casa, Renan Calheiros, das acusações do primeiro processo em que o Conselho de Ética, por ampla maioria (11x4) havia recomendado sua cassação. As visões políticas, estratégicas, morais e éticas são muitas. Aqui vou falar da tecnologia, e como as coisas podem - e devem- melhorar.

A sessão do Senado foi fechada, secreta, sem som, sem gravadores, sem laptops e durou 5 horas e pico. Era para só saber quantos votaram a favor, quantos contra e quantos se abstiveram. Só.

Mas, graças à telefonia digital, a mídia e muita gente mais acompanhou a sessão, os discursos e até atitudes de alguns parlamentares. Não foram poucos os celulares de senadores e deputados -esses meros espectadores- que ficaram abertos para que o mundo exterior pudesse sentir o que ocorria naquela sessão.

O fato é que -por mais que se queira- não é possível mais ter sigilo total. Os celulares, as minicâmeras, as ligações wi-fi, tudo isso permite que o mais comum dos cidadãos possa romper barreiras impostas por regras que só valem no papel.

Ou seja, sessões secretas no Congresso já eram, de fato. Porque os senadores não admitem isso e limpam essa regra ultrapassada e inaplicável?

No outro lado do espectro -mas igualmente aterrorizante- vemos os chefes do crime organizado e do tráfico de drogas comandando impunemente suas atividades de dentro de presídios, que teoricamente deveriam ser blindados ao uso de celulares.

Como nunca é tarde para reforçar um argumento básico, lá vai de novo: a tecnologia é neutra, seu uso é que determina se ela é bem ou mal usada.

No caso dos presídios, o uso é condenável, a proibição deveria ser para valer, mas...

No caso do Senado e sua sessão secreta, quem abriu seu celular para vazar informações estava protegido pela imunidade parlamentar, e, de outro lado, a imprensa munida de seu dever de informar. Mas o regimento do Senado determina que as sessões que votam cassações de mandato sejam secretas.

A pergunta que fica: adianta ser secreta?