sexta-feira, 23 de julho de 2010

O submundo do consumidor digital

Agora não tem mais jeito: somos cidadãos digitais, queiramos ou não. Uma parafernália de bits nas mais diversas embalagens fazem parte de nosso dia-a-dia, no trabalho, no lazer, no lar. Somos cada vez mais pessoas conectadas por aparelhos cada vez mais sofisticados, que se modernizam com uma velocidade cada vez maior, e isso nos faz mudar hábitos de vida e também nos cria dependência cada vez maior.

Um Admirável Mundo Novo, pois não? Dependendo de como vemos a tecnologia em nossas vidas, a leitura da frase anterior tanto pode ser no sentido de algo que miuda nossa vida para o muito melhor ou então a interpretação cáustica de Aldous Huxley, em seu excepcional livro de 1938.

Vou ficar com esse lado mais dark, nem tanto pela perda de individualidade e privacidade que Huxley mostra em seu livro (e estamos, de algum modo, trilhando esse caminho), mas por aquilo contra o quê precisamos urgentemente nos rebelar, que é a péssima qualidade dos serviços de assistência técnica de nossos dispositivos que tanto nos servem.

Hoje tive o desprazer de perder quase uma hora em uma autorizada de um fabricante de um leitor BluRay, ainda na garantia, para poder ser atendido. Assim como eu, dezenas de pessoas, com os mais diversos aparelhos, desde TV gigante até celular basicão. Senti-me como se estivesse no submundo da tecnologia digital.

Embora a empresa seja produtora de bens tecnológicos, parece que eles não aprenderam a usá-los para melhor atender seus clientes.

O problema começa com a localização: você já reparou que todos os serviços autorizados estão em lugar de acesso complicado e estacionamento perto do impossível?

Depois, quando o já impaciente participante de uma fila enorme é chamado a uma posição de atendimento e começa a fazer o cadastro. Nada funciona, desde a validação de um CPF até o código do produto. As atendentes ficam perdidas e o tempo médio de atendimento (enquanto lá estive) era superior a 15 minutos.

Depois vem a perspectiva do conserto. Algo muito vago, sem perspectiva concreta. Se você tem um produto de lazer, vai ficar sem por um tempo indeterminado. Se é um instrumento de trabalho, paciência! Vai ficar sem do mesmo jeito.

Olhando pelo ângulo do fabricante, que lança novidades quase a cada dia, para ficar no meracdo, parece que a assistência técnica tem um modelo difícil de resolver. É torcer que os aparelhos quebrem cada vez menos, para que a assistência ocorra a taxas estatisticamente desprezíveis.

Só que não é isso que ocorre. E como nós estamos cada vez mais dependentes dessas geringonças, talvez uma forma de uma empresa se apresentar como diferenciada fosse a prestação de um serviço de assistência técnica minimamente decente.

Eu até poderia declinar o nome desse fabricante. Mas não vou faze-lo, por achar que é tudo igual, até por depoimentos que já tive ou pude observar e estudar.

Contra isso, não há Código de Defesa do Consumidor que resolva.  Só a ira da coletividade poderia pressionar os fabricantes a mudar.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Facebook: 500 milhões de contas ativas

Mark Zuckerberg, o "cara" do Facebook postou hoje em seu blog uma notícia já esperada pelo mercado: o Facebook atingiu a incrível marca de 500 milhões de contas ativas. Fica com a liderança incontestada das redes sociais, a mais influente, a determinadora de tendências de curto prazo.

Fosse um país, o Facebook estaria em terceiro lugar no ranking de população, atrás da China e da Índia. E tudo isso em pouquíssimo tempo, na velocidade da web 2.0

Na postagem, Mark apresenta um vídeo que mostra que, para ter sucesso, não é necessário o carisma de um Steve Jobs. Ele mais parece estar com o corpo paralizado pelo sucesso, acanhado como um estagiário de apresentador de TV tentando um emprego e lendo um teleprompter.  Ele é o mais novo gênio do mundo digital, embora a imensa maioria dos usuários do Facebook não tenham a menor idéia de quem ele seja.

Vale a pena ler a postagem do blog.

E, falando em Facebook, você já tem sua conta lá? 

terça-feira, 20 de julho de 2010

A antena do iPhone 4: Fim da era da magia?

A Apple reconheceu o problema da antena de seu mais novo sucesso, o iPhone 4, apontado por clientes e pelo Consumer Reports. Agora até o Senador democrata Charles Schumer resolve mostrar sua oportunista indignação em uma carta a Steve Jobs. É o preço do sucesso de um produto que vendeu 3 milhões de unidades em 3 semanas. Mas... será só isso?


Eu vi a entrevista coletiva à imprensa de Steve Jobs onde ele mostra o problema, compara com a concorrência e diz que vai dar de presente  uma capa protetora a todos os que comprarem um iPhone 4 até 30 de setembro. Pode ser o preço do sucesso, pode ser mais do que isso.

O simples fato de admitir o problema, e, mais do que isso, a forma direta e objetiva que Jobs reconheceu mostra uma postura diferente, proativa da companhia da maçã. Assim, os clientes podem ficar certos que uma solução aceitável virá.

Mas eu fiquei refletindo sobre a linha do tempo da tecnologia digital e cheguei a uma possibilidade que me preocupou: A Apple pode ter chegado à maturidade, refém de seu enorme sucesso e de sua gigantesca base instalada, ou melhor, de seu legado. Se levarmos em conta a base instalada de iPods, desde o Nano, dos iPhone, dos iPad, dos iMac, dos MacBook, do Itunes e Apple Store, dos quase 500.000 diferentes aplicativos e dos livros digitais agora vendidos na iBookstore, a tarefa de manter essa base talvez seja a mais complicada da história.

A computação de massa foi inventada pela IBM, com seus gigantescos mainframes, que criaram as grandes aplicações corporativas de empresas e governos. Ela simplesmente dizimou a concorrência e estabeleceu um padrão de mercado, que ficou complicado pela dificuldade de assegurar compatibilidade de aplicativos entre os diversos modelos, sistemas operacionais e gerações tecnológicas. Mais do que qualquer outra coisa, talvez esse fato tenha impedido a IBM de liderar a onda da computação pessoal, embora ela tenha criado o novo padrão, o PC de 16 bits, com o melhor sistema operacional, o PS2.

A Microsoft foi ágil e rápida para pegar o bastão e dominar o mundo da computação distribuida com a plataforma Windows e com a suite de aplicativos Office. Aqui também não teve para ninguém. A própria Apple, que lançou o primeiro produto comercial com interface de janelas, os pioneiros Macintosh não pode segurar a avalanche do Windows. A Microsoft patinou no mundo da web e da comptação móvel, onde a revitalizada Apple deu o tom, especialmente no campo dos smatrphones, com seu iPhone, já na 4a versão.

Ah! Faltou o Google, que com sua criatividade nas nuvens praticamente reinventou conceitos, inclusive na forma como o cliente está disposto a sacar seu cartão de crédito para pagar a conta.

Olhando a IBM e a Microsoft, com certeza elas não estão condenadas a um papel secundário. Elas seguem se reinventando, mas parecem ter perdido aquela característica da inovação e da sedução, fato que, há 20 anos para a IBM e há 10 anos para a Microsoft, impedia  que qualquer palestra ou paper sobre tecnologia da informação deixasse de usar referências a elas. O mesmo pode ser dito sobre a Apple e o Google hoje, em 2010.

Tenho a certeza que o trauma da antena do iPhone 4 não será o Waterloo da Apple, nem que ela deixe de inovar. Temo que ela deixe de encantar, até porque agora são muitos mihões de clientes no mundo inteiro a encantar.

Meu maior medo é que as áreas de TI e telecom, tão fantásticas que transformaram o mundo como o conhecíamos há meros 30 anos atrás em algo radicalmente diferente, com veocidade incrivelmente maior do que a soma de tudo nos 3.000 anos que os antecederam.

Se estivermos entrando numa era da TI em que haja uma consolidação forçada, como ocorreu, por exemplo, nas indústrias automobilística e farmacêutica, só para dar dois exemplos, podemos estar no limiar de uma nova era sem graça, modorrenta e cheia de mesmices.

Quem sabe começam a acontecer grandes saltos nas áreas de meio ambiente e relações sociais, usando em parte os progressos da TI?

Pode ser, mas o mundo da TI pode ficar sem graça. Tomara eu esteja errado...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Conversor para TV Digital: R$ 400+??

Cada vez que busco detalhar alguma faceta da TV Digital brasileira, mais frustrado fico. Por enquanto, e por um bom tempo, parece que teremos tão somente conteúdo fraco e limitado com imagem e som impressionantes. E lambamos os beiços!

Ficou para as calendas gregas a interatividade através do sistema operacional Ginga, ainda sob intermináveis audiências públicas e discussões de interessados (leia-se fornecedores de hardware, software e conteúdo, consumidores de fora).

Agora busco um conversor digital para uma TV LCD de primeira geração, daquelas HDTV Ready que reciclei para uso menos sofisticado, imaginando que pudesse finalmente encontrá-lo na faixa de R$ 200, ou duas vezes mais do que originalmente prometido no lançamento da TV Digital.

É... mais uma vez acreditei em Papai Noel! Os poucos modelos disponíveis nas lojas custam acima de R$ 400 e vão a R$ 700; nos sites de eletrônicos, a maioria está em falta e os preços são um pouco menores, mas aí tem o frete que anula a vantagem.

Indo a um forum de discussão, fico pasmo em ler que um burocrata de Brasília propõe que os conversores sejam financiados às classes D e E a longo prazo, a prestações de R$ 17 mensais, que podem logo se somar a outros tantos como a assinatura de internet banda larga universal, de incríveis (?) 512kb/segundo.

Ou seja, estão decretando a inviabilidade da conversão de TVs existentes para exibir o formato digital, e condenando os que estão na base da pirâmide de renda a pelo menos duas prestações para acesso meia boca à TV do futuro e à conectividade da internet.

Será que esse tema não vira uma saudável discussão de campanha eleitoral? Quem será cobrado pelo atraso da TV digital, pelos preços absurdos dos conversores e pela banda pífia que querem empurrar como se fosse a universalização do acesso à web 2.0?

Eu gostaria de ver esse debate!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fim do Orkut?

Ontem postei no Twitter minha percepção de que o Orkut pode estar com os dias contados. Muita gente não concorda, mas vou detalhar aqui no latifúndio do blog* os meus motivos.

O Orkut é um fenômeno brasileiro. Nós ocupamos o Orkut há uns 5 anos e hoje somos mais de 80% dos perfís ativos. É uma rede social essencialmente brasileiro/brazuca, e isso afasta o interesse do Google, seu dono.

A onda das redes sociais, no mundo, está polarizada em poucos endereços. Tirando o Facebook, o MySpace e o Twitter, os demais são coadjuvantes.  E o Google não está no trecho, ao menos em escala global, ou com produtos que não se caracterizam como tal, a exemplo do Picasa e o YouTube. A tentativa do Google Buzz efetivamente não decolou,

Com a entrada da versão brasileira do Facebook, um verdadeiro tsunami de brasileiros lá criou seu perfil principal, deixando o Orkut como uma segunda opção.

A nova versão do Orkut, no ar há alguns meses, desagradou muitos fiéis frequentadores e gerou indiferença entre tantos outros. Poucos são os que acharam boas as novidades.

Como as redes sociais saem da fase de febre e agitação geral para a sua maturidade, inclusive com a consolidação de redes específicas, tipo LinkedIn, o Google não pode estar confortável com sua principal rede social com algumas dezenas de milhões de contas ativas, algo como 1/10 do grande rival Facebook.

As tentativas diversas do Google de comprar o Facebook não prosperaram. Resta-lhe engatar uma segunda e buscar algo novo, talvez uma simbiose do Facebook com o Twitter com mais alguns agregados. Não é o Google Buzz, com certeza, muito menos o Orkut.

Pode ser que o Google tenha chegado a um porte tal que sua inércia iniba a geração em massa de novidades imbatíveis.  Ou pode ser que o tempo das redes sociais esteja a exigir estratégias radicalmente diversas, nessa fase de maturidade.

Eu aposto em um ocaso discreto do Orkut. Talvez tenhamos novidades ainda em 2010.

A conferir...

*Latifúndio de espaço, se comparado com os 140 caracteres do Twitter. Espero não atiçar a cobiça do MST...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Skype pelo celular via rede 3G: agora pode

Pouco se comenta, mas se você tem um smartphone 3G que permite baixar o Skype, a boa notícia: agora você pode fazer suas ligações para usuários Skype sem pagar nada; a má notícia: é por pouco tempo, depois haverá a cobrança de uma "pequena quantia mensal", que ainda não foi divulgada.

Testei o Skype via 3G e fiquei impressionado com a qualidade das ligações que fiz. Recomendo!

Você precisa ficar atento, no entanto, não só para uma cobrança futura mas também para seu plano com a operadora, em especial para quem tem um plano pré-pago, pois pode haver tarifação adicional.

Independentemente dessa opção, segue o uso tradicional do Skype se você tem acesso a internet via pontos WiFi, mas lembre que há a limitação dentro do raio de alcance desses pontos, não mais que poucas dezenas de metros.

A alternativa 3G é fantástica por oferecer a mobilidade para ligações via Skype.

Como será lá para frente?  Vou especular: o Skype ganhará mais espaço, mas você vai seguir usando sua operadora na maioria dos casos, não só por custos, mas especialmente pela comodidade da maioria dos usuários. E last but not least, você precisa ter o Skype ativo para receber ligações Skype, e, em muitos casos, isso não é prático.

Enfim, mais uma boa alternativa de conectividade!