quarta-feira, 30 de março de 2011

Pneu Furado

Estamos prontos para a Copa? Vou mostrar que não...

Escrevo esta postagem a bordo de um moderno jato da Embraer 175, recheado de conforto e tecnologia, em voo tranquilo de Cuiabá a Curitiba, com escala prevista em Londrina.


Escala?

Nada disso. Um avião com pneu furado bloqueia a pista de Londrina e os aviões com esse destino ficam circundado o aeroporto aguardando as instruções da torre: descer ou alternar para Maringá.

Meia hora depois de voltear sobre Londrina, a noticia da cabine de comando: nada de Maringá, o aeroporto tem o pátio lotado e não recebe mais ninguém!

Bom para mim, péssimo para quem ficaria em Londrina ou teria conexão para Cascavel...

Mas eu ouvi outro dia um burocrata da infraestrutura aérea brasileira dizer que nossos aeroportos estão praticamente prontos para receber a Copa, com um mínimo de modificações.

Será mesmo? Se um simples pneu furado gera esse transtorno, imaginemos o cenário de 2014, com trafego aéreo no mínimo dobrando o número de passageiros-quilômetro...

Acho que já vou pensando em não viajar durante a Copa, ou, ainda, sumir do Brasil bem antes e voltar bem depois, com o Brasil hexa ou não.

sexta-feira, 25 de março de 2011

LinkedIn chega a 100 milhões de perfis

Recebo um e-mail do  Reid Hoffman, co-fundador e Chairman do LinkedIn para comunicar que a mais popular rede social de profissionais atingiu, esta semana, a marca de 100.000.000 de associados, e que eu faço parte de um grupo de early adopters, ou dos que fazem parte do primeiro milhão de profissionais cadastrados (o meu é número 433.691).




Se comparado com o Facebook, ele é quase sete vezes menor, mas, levando em conta seu foco em conectividade entre profissionais, o número é muito relevante.

Eu já tive a oportunidade de contratar ou recomendar profissionais pelo LinkedIn, e mesmo pedir ajuda em tópicos específicos de minha atividade profissional quando necessitei. E os resultados foram sempre surpreendentes, mesmo usando a versão basicona, gratuita.

O formato e o sucesso dessa rede de propósito específico mostra, sobretudo, o caminho para outras iniciativas muito focadas, e essa parece ser uma tendência inevitável, sem excluir as redes sociais de propósito geral, onde o Facebook reina com folga sobre os concorrentes.

Parabéns ao gordo simpático Reid Hoffman, extensivo a toda a equipe. Sigo usando o LinkedIn e recomendando a quem não conhece...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Redes Sociais: Rumo ao Novo Modelo

2011 pode ficar marcado como o ano da consolidação do modelo de Redes Sociais onde a iniciativa e o poder, efetivamente, derivam do indivíduo, organizado segundo suas necessidades, suas competências e, especialmente, segundo as circunstâncias.


Vale destacar três fatos relevantes e recentes: As rebeliões populares no norte da África e no Oriente Médio, a catástrofe do Japão e as chuvas que causaram danos nas estradas, cidades e montanhas no Paraná.


1- A chuvarada no Paraná: Começando pela mais próxima do blogueiro e talvez a mais simples de entender e explicar: Chuvas fortes causam impacto devastador em duas das principais rodovias que ligam Curitiba ao litoral: as BR 277e 376, com deslizamento de barreiras, queda de pontes e inundação de pistas, isolando o litoral e causando graves danos às cidades de Paranaguá, Morretes e Antonina, sem falar com os transtornos logísticos de fazer chegar a carga de grãos ao porto.

Com o número de emergência da Polícia Rodoviária Federal congestionado por excesso de chamados, a solução adotada pela PRF foi a criaçãp de um perfil no Twitter para que a comunidade usuária das estradas pudesse reportar problemas ou buscar auxílio. Resultado: em menos de 24 horas milhares de pessoas passaram a seguir o perfil agora usado também para o combate ao tráfico e tráfego de drogas em nossas rodovias.

A sacada foi a constatação de que uma parcela expressiva dos motoristas dispõem de aparelhos portáteis com acesso à internet.

Ponto para a PRF!

2- Terremoto, Tsunami e Radiação no Japão: Mesmo para um povo acostumado a catástrofes da natureza, essa última foi demais. Um terremoto de intensidade 8.9 na escala Richter, seguida de tsunamis que varreram a costa nordeste do país, incluindo o complexo de usinas nucleares de Nagashima, gerando níveis preocupantes de radiação, consequência do vazamento de gás dos reatores.

Passada a fase inicial de colapso quase total nas comunicações, lá surgiram as redes sociais não só para comunicar mortos e feridos, mas também de sobreviventes e, sobretudo, na mobilização de uma intensa e global rede de solidariedade e de apoio aos japoneses. Além de imagens da tragédia capturadas em sua maioria por celulares de quem estava no meio da tragédia, o ponto alto foi, sem dúvida, a localização de muitos sobreviventes sob os escombros que foram localizados através do sinal de seus celulares.

3- Fora Ditadores! O fenômeno da queda dos regimes ditatoriais longevos da Tunísia e do Egito, mais a quase guerra civil da Líbia e os protestos no Iemen, no Bahrein, na Síria e em outros países do Mediterrâneo não teve como origem as redes sociais. Mas foram elas, sem dúvida, que permitiram que a comunicação entre os insatisfeitos superasse a barreira de regimes policialescos onde a censura era -ou ainda é- um fato da vida para os cidadãos.

  É possível afirmar que, sem a existência das redes sociais esse processo seria mais logo e dolorido, sem falar na possibilidade da demora no processo de transição.

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Levantada a bola das redes sociais, cabe registrar o lado ruim delas, que são boatos infundados, informações falsas, capazes de criar ainda mais pânico ou dor ou simplesmente de desviar a atenção dos fatos reais.

Esse é o preço a pagar pela liberdade de expressão levada quase que à plenitude pela internet e pelas redes sociais.

Talvez o próximo passo seja a educação dos usuários para saber separar o joio do trigo. Para não mais acontecer o que um amigo meu, fã incondicional de comida japonesa, me disse após a tragédia do Japão, por conta de notícias alarmistas de contaminação de alimentos, inclusive os de lá exportados, afirmando que iria parar de consumir sushis e sashimis, sem se dar conta dos controles sanitários existentes no mundo e, principalmente, que nossos pratos de culinária japones usam essencialmente ingredientes nacionais ou, no máximo, peixes do litoral do Chile ou do Peru.

Mas, de todo modo, fazendo a contabilidade dos prós e dos contras, nos três episódios, a tecnologia digital e as redes sociais marcaram importantes pontos para informar e, especialmente, para minorar os problemas dos atingidos pelas catástrofes. 

Um Incidente Nuclear

Vou sair um pouco dos temas de tecnologia digital e apresentar aqui um depoimento de meu amigo e parceiro de negócios John Vanston, PhD, Chairman da Technology Futures, Inc, a respeito do incidente nuclear de Fukushima, Japão.

John é engenheiro nuclear de formação e militar reformado do exército americano. Fundou a Technology Futures, Inc., uma incrível empresa de consultoria em gestão e previsões tecnológicas que atende às mais importantes empresas globais e governos mundo afora.


Mas, acima de tudo, John é uma pessoa excepcional, que eu tenho o privilégio de conhecer e partilhar de sua amizade.


Segue seu depoimento:


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UM INCIDENTE NUCLEAR

As notícias das dificuldades nucleares do Japão trouxeram à minha mente uma história interessante, mas preocupante e que não é muito conhecida. Para aqueles que sofrem um pouco de enjoo, eu sugiro que não leiam esta mensagem.
Meu último trabalho foi no Exército com a Agência de Suporte à Defesa Atômica (DASA, em inglês). Nesta posição, eu servi como Diretor do Grupo de Teste em dois testes nucleares subterrâneos. Em ambos os testes, eu trabalhei com um civil que havia trabalhado no campo de testes de Nevada por vários anos. Durante essa missão ele esteve envolvido no único incidente com reatores nucleares dos EUA em que uma vida foi perdida.
Este incidente ocorreu em um reator que estava sendo testado pelo Exército (para energia, não para armas). Em uma manhã de sábado, quando apenas uma equipe reduzida estava em serviço, um dos operadores de reator removeu todas as barras de controle no reator. (Há rumores de que o operador tinha acabado de ter uma briga com sua namorada de longa data, e esta foi sua maneira de cometer suicídio.)
Com as hastes de controle removidas do reator. este ficou fora de controle e rapidamente transformou a água de resfriamento em vapor que disparou uma das barras de combustível para fora do reator como um tiro de bala de canhão. As hastes de combustível ejetadas bateram no peito do operador e ele foi jogado para o teto da sala do reator, onde ficou preso.
Obviamente, seu corpo teve que ser retirado do teto, mas isso não foi um evento que a DASA tinha previsto ou planejado. A única solução que poderia ser pensada foi a de enviar uma equipe para a sala do reator e remover o corpo. Essa ação obrigou-os a lidar com a vara de combustível extremamente radioativa, assim como o cadaver agora radioativo. Esta foi, obviamente, uma tarefa muito perigosa.
Os gestores do local solicitaram voluntários para essa tarefa, e meu amigo foi uma das três pessoas que se voluntariaram e, em seguida, completou essa terrível tarefa. Calcula-se que os três receberam uma dose radioativa de mais de cinqüenta REM. Esperava-se que os três estariam mortos dentro de poucos dias. (Para comparação, as equipes de trabalho no reator japonês está limitado a dose não superior a um décimo do REM).
Uma vez que essa pessoa [meu amigo] permaneceu não apenas vivo, mas aparentemente em boa saúde, anos após o incidente, as previsões estavam, obviamente, erradas. Aparentemente o corpo consegue diminuir os efeitos dos danos causados ​​pela radiação ao longo do tempo, se não houver exposição adicional.
Embora esta história éesteja baseada nas observações de um indivíduo, eu não tenho nenhuma razão para acreditar que não seja verdadeira nem exata. Tenho verificado algumas das afirmações desse amigo e encontrei vários fatos que comprovam a sua história e nada que conflite com o que ele me disse.
Durante meu tempo no programa de armas nucleares e meu envolvimento posterior em experiências nucleares na faculdade, eu, sem dúvida, fui exposto a algum nível de radiação. No entanto, eu não notei nenhum dano grave, exceto que eu às vezes, tomar decisões muito burras. No entanto, não estou seguro de que isso possa ser imputado aos raios Betas e Gama.
Vários anos atrás, a história de outra de minhas experiências nucleares foi publicado na revista American Heritage. Se alguém quiser uma cópia, eu posso eenviá-la por e-mail*.

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*Nota do blogueiro e tradutor: trata-se de uma experiência do John Vanston durante uma explosão nuclear de teste no deseto de Nevada, onde ele estava a cerca de 1 km do local da explosão.