quinta-feira, 16 de junho de 2011

Será que Thomas Watson tinha a bola de cristal?

A IBM é, indiscutivelmente, a empresa que, embora não tenha inventado o computador, efetivamente deu a eles uso prático em pelo menos duas eras distintas: a dos mainframes e a dos PCs. Disso ninguém duvida.


"E se eu tiver razão?"
O que é ainda hoje motivo de controvérsia é uma frase atribuida ao mais longevo de seus CEOs, Thomas Watson, Sr. que, em 1943 teria dito algo como "I think there is a world market for maybe five computers", que os escribas oficiais da Big Blue ainda correm a desmentir, em um mundo de bilhões de computadores, outros tantos celulares e smartphones.


Dizem os italianos que si non e vero, e benne trovatto, mas, numa dessas, e se o velho Watson tivesse razão?

Claro que, à leitura de números de vendas de dispositivos digitais os mais diversos em forma, funcionalidade, capacidade de processamento e preços, isso não faz o menor sentido.

Mas aí entra a tal da nuvem, que vem mudando a forma como pensamos o mundo digital. As tais fazendas de servidores, onde residem milhares de computadores que atendem aos Googles, aos Facebooks e mesmo às IBM, Apple e Microsoft da vida cada vez mais oferecem alternativas de produtos e serviços que tornam dispensáveis, ou menos importantes, as tarefas locais de processamento e armazenamento de dados, sons, imagens, o que quer que seja digitalmente tratado.

Com os dutos de alta velocidade e capacidade da moderna internet, ter um arquivo em casa, no trabalho, no carro, faz cada vez menos sentido. Esse arquivo precisa estar essencialmente disponível, para qualquer dispositivo que eu queira e use, com segurança, claro.

Essa premissa leva ao fortalecimento do modelo de nuvem, onde teremos cada vez maiores fazendas de computadores, exigindo cada vez maiores investimentos, cuidados ambientais, garantia de uptime com redundância, e por aí iremos.

Se hoje tivéssemos internet 100 vezes mais rápida e capaz de engolir 1000 vezes mais dados (algo que deve ocorrer em 5, 10 anos no máximo), abre-se o caminho para termos algo como cinco computadores, no futuro. Eles até poderiam ser assim chamados:

  • Google
  • Facebook
  • iCloud
  • Live
  • ATR (All The Rest)
Será que Tom Watson, Sr. tinha razão?
Será que isso será bom?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Redes Sociais e o Indivíduo: A Grande Mudança

O blog TNW Social Media apresenta uma interessante perspectiva do futuro das mídias sociais. Das dez listadas, comento a de número 7, que diz:

We will no longer be passive media consumers. Media will interact with us in dynamic ways on all platforms. Just like gamers playing WOW today, we will all become a part of a virtual world unknown to us yet where we will all be avatars in the game of life.

Ou seja, consumir mídia passiva e bovinamente pode estar com os dias contados. A participação dos internautas nas redes sociais faz com que não haja mais os detentores da verdade e do poder absolutos.

Afinal, os mais de 2 bilhões de humanos conectados na grande rede ganham novos e ávidos companheiros, a maioria interessados também em influir, formar opinião, debater, trocar informações, enfim, cosntruir uma nova sociedade digital sem fronteiras de geografia, de classe social, de etnia e de qualquer outra barreira até então existente.


Esses novos cidadãos digitais descobrem-se com um poder nas mãos nunca dantes imaginado. Mais do que isso, uma nova geração inteira que nasceu neste século sequer conheceu o mundo analógico que terminou no século XX.


Para esses jovens, tudo isso que nos surpreende e muda nosso comportamento é simplesmente algo natural e corriqueiro, como andar, comer, respirar. Como eles não possuem referências nem vínculos com o passado, atrevo-me a dizer que as transformações sociais que essa geração conectada imporá ao mundo, talvez já no final dessa década -se não for antes- deixará pálidas as enormes transformações que vivemos nos últimos cinquenta anos.

Eu achei apenas que a afirmação de que seremos todos avatares no jogo da vida é incorreto, pois dá a sensação de que seremos transformados em bits e viveremos definitivamente do lado de lá da tela, num eterno game de última geração.


Ao contrário, se conseguirmos medir os benefícios econômicos e sociais que podem advir da maturidade do uso das redes sociais, acredito que possamos estar realmente no limiar de uma nova era, esta sim, a do conhecimento e da justiça social.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Symbian: Condenado ao Ocaso?

Recebo e-mail de uma leitora fã de carteirinha da Nokia -que pede para não ser identificada- mas que segue esperando uma solução decente da empresa finlandesa para smartphone que esteja em linha com os avanços do iOS da Apple e do Android, do Google, enquanto mantém a robustez e a confiabilidade do Symbian.

Lamento informar, cara leitora, que o Symbian vai ser, num futuro próximo, tão relevante quanto uma nota de 500 cruzados, ao menos no universo de smartphones.

Com a recente parceria feita entre a Nokia e a Microsoft, é claro que os filhotes decorrentes dessa união serão smartphones e tablets baseados no Windows Phone 7, que vem se provando um potencial player da primeira divisão.

Lembro que a Microsoft não inventou praticamente nenhum mercado novo, apenas soube tirar proveito de mercados emergentes. Do DOS ao Windows, do Internet Explorer ao Office, do Outlook ao MSN, a Microsoft aprimorou a lei de Lavoisier que diz que na natureza nada se cria, tudo se transforma.

A Nokia, de outro lado, também aprendeu rápido sobre o mercado de celulares e, ainda neste ano de 2011 e pelos próximos dois ou três deve premanecer lider no segmento popular. Lembrando que nos países mais pobres a infraestrutura de telecomunicações e a renda da população raramente combinam para promover um mercado razoável para smartphones e tablets, essa base de alguns bilhões de usuários atuais e em potencial deve seguir robusta por um bom tempo, gerando margens unitárias menores mas, na escala, representando um resultado muito interessante.

Assim, cara leitora, se sua fidelidade à Nokia é canina, fique de olho nos lançamentos futuros dessa parceria com a Microsoft, mas isso implica em sair do Symbian.

Se seu juramento de amor eterno é com o Symbian, esqueça o smartphone.

Existem, claro as opções excelentes no mercado atual, mas isso passa pelo iPhone, Blackberry ou as muitas variedades do Android, da versão 2.2 em diante. Os demais, salvo imprevistos, vão permanecer como atores coadjuvantes.





Ser ou não ser fiel, eis a questão. Mas aí, o parodiado é o imortal bardo de Stratford-on-Avon...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sobre a garrafa meio cheia ou meio vazia

Anos atrás, um comercial genial do Chivas Regal de duas páginas apresentava duas fotos iguais de uma garrafa com o scotch pela metade e uma delas dizia "O convidado vê a garrafa de Chivas meio cheia" enquanto que a outra tascava "O dono vê a garrafa de Chivas meio vazia".

Pegando o gancho dessa sacada genial, volto a 06 de junho de 2011, mais precisamente para comentar o lado vazio da garrafa da Apple, que lançou, com estardalhaço e competência de sempre, o novo sistema operacional do Mac (OSX Lion), o novo sistema operacional dos dispositivos móveis (iOS5) e o novo serviço na nuvem para todos, o iCloud.

Sem entrar no mérito da qualidade da apresentação e dos lançamentos, eu fiquei meio desconfiado com o iCloud, pois eu sou assinante do MobileMe que, em tese, podia fazer quase tudo que o novo lançamento se propõe.

Aí eu recebo um aviso da Apple, por e-mail, anunciando a descontinuação do MobileMe em junho de 2012, enquanto que o iCloud chega lá por setembro próximo.

Já comentei aqui no blog sobre minha irritação com o MobileMe, que, na minha avaliação, a única coisa que faz com competência é arrancar nosso suado dinheirinho a cada renovação de assinatura, cheguei à conclusão que a Apple avaliou bem os estragos que esse serviço de longe superavam os benefícios e embutiu o lançamento do iCloud agora com disponibilidade para o futuro como forma de aplacar os descontentes, dentre os quais me incluo.

Espero, de coração, que o iCloud não seja um MobileMe com nova roupagem e algumas funcionalidades à mais. Tomara que ele seja tão bom quanto a maioria dos produtos e serviços da Apple que tantos cultuam e propagam suas virtudes.

Volto ao anúncio do Chivas: eu sou o cara que percebi o MobileMe como uma garrafa quase vazia e aí vem a Apple me oferecer uma futura nova garrafa quase cheia, o iCloud.

Achei o anúncio do iCloud muito bem feito, mas confesso que, quando tiver a possibilidade de assinar o novo serviço, vou pensar muitas vezes antes de sacar meu cartão de crédito, e antes disso ver alternativas no mercado.