quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Google+ chega a 400 milhões de contas em um ano. E daí?

http://guymanuel.com/2012/09/20/google-chega-a-400-milhoes-de-contas-em-um-ano-e-dai/

terça-feira, 10 de julho de 2012


O processo de migração deste blog para 


guymanuel.com está quase completo!

Já existem postagens que estão só por lá. Faça uma visita, adicione aos seus favoritos.

Apreciaria comentários sobre o ambiente novo.

Abraço

Guy

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Hardware X Hardware X Hardware X Hardware

Com o lançamento agora do Nexus 7, do Google, após o anúncio do Surface, da Microsoft, e a possível entrada do Facebook no mundo dos smartphones e talvez dos tablets, parece que entramos num cenário de todos contra a Apple.


Ou uma batalha de Hardware X Hardware X Hardware X Hardware

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Fim da Tendinite?

Essas geringonças digitais que possuem mouse, controle remoto ou teclado são a alegria dos neurologistas, ortopedistas e fisioterapeutas: Muito uso, má postura ou uma associação de ambos é tendinite na certa, só para ficar no incômodo mais comum.


Mas podemos ter esperanças de que as coisas mudem!

Minha percepção indica que podemos estar caminhando para o fim, ou na pior hipótese, para a minimização do uso dessas interfaces antinaturais.

Dia desses estava em uma loja dessas de shoppping, onde vi uma demonstração de um desses novos televisores espertos (cada marca tem seu nome, então uso uma denominação genérica), com direito a test-drive dos curiosos.

Esse aparelho, com tela lá pela beira das 50", tinha sensor de movimento e reconhecimento de voz, e uma senhora nos seus sessenta, setenta e algo de idade mexia braços e mãos e falava com ele.

Dava para ver que ela (a senhora) não era das mais íntimas com dispositivos digitais, mas ia sem muito constragimento se iniciando nas maravilhas que o televisor -e o vendedor- prometiam.

Fiquei observando o ritual, e depois de uns 30 minutos vi que a venda acabava de ser feita, tão logo o marido chegou com o cartão de crédito.

Não resisti e fui perguntar ao casal qual a lógica da decisão de compra.

Ela: "Eu não aguentava mais o controle remoto para buscar o que queria, e agora posso só apontar para a TV e ela me obedece. Ou então mandá-la fazer o que quero"


Ele: "Ela quer mandar na TV assim como manda em mim"


Ela: "Tomara que a TV me obedeça, porque com você eu mando e você me ignora!"


Ele: "Mas eu tenho dúvidas se isso aí vai funcionar que nem na demonstração. O que eu queria mesmo era uma TV de alta definição e 3D, mas não sei como fica quando ela der uma ordem e eu não concordar. A TV obedece a quem??"


Ela: "Você ainda duvida, João*?"

Ali acabaram minhas dúvidas. Se antes, com os smartphones e tablets tomando de assalto a novíssima geração que não precisa mais de manual do usuário, agora podemos ter um novo nível de inclusão digital justamente naquela faixa dos resistentes à tecnologia, como o casal que conheci na loja.

Conversando com eles com mais calma, enquanto o pós-venda se perdia com a burocracia, acabei sabendo que eles são do tempo do videocassete que sempre ficava com o relógio piscando nas 12:00, porque eles não conseguiam ajustar. Mesmo quando a filha mostrava como fazer, já naquela época -meados dos anos 80- o dito cujo só servia para exibir fitas da videolocadora. Gravar programas de TV aberta, nem pensar!

Será que eles conseguirão se adaptar à nova maravilha da tecnologia? Ou eles acabarão se rendendo ao controle remoto, que vem junto?

Para mim, isso é irrelevante. O que parece ser inevitável é a chegada, para valer, do reconhecimento de gestos, voz e imagens, também pelos aparelhos de entretenimento doméstico. Daí para termos os eletrodomésticos conversando conosco é um passo.

Mas aí será necessário preparar os médicos, para evitar que encaminhem direto ao psiquiatra um paciente que afirma falar com o televisor e com a geladeira.


Afinal, pode ser uma pessoa muito saudável, não só da cabeça. Pode também não ter tendinite. 

*nome fictício

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fartura Digital

Você já parou para pensar nos recursos digitais disponíveis hoje em dia? Vamos fazer uma listinha, só para aquecer o dia frio:
  • Computador de mesa com acesso a banda bem larga
  • Laptop incrementado e leve que carrega junto seu escritório
  • Tablet para com centenas de Apps, dezenas de vídeos, livros, jornais e revistas e milhares de fotos, e músicas
  • Smartphone que nem o tablet, só que você de vez em quando usa para falar
  • Câmera fotográficas
  • Filmadora de alta definição
  • GPS no carro, para não se importar em decorar trajetos e complicados nomes de ruas
  • TV de alta definição, com centenas de canais, serviços de video on demand, pay-per-view e conectada a internet
  • Players de BluRay e DVD
  • Rede local para juntar as engenhocas
  • HDs externos de vários Terabytes para armazenar arquivos
  • Serviços de cloud (nuvem) para disponibilização de fotos, videos, arquivos de trabalho, agendas
Faltou algo? Com certeza, mas essa é uma amostra padrão, sem contar que, na maioria dos casos, você pode ter para si ou para sua família múltiplos dispositivos ou serviços listados acima. Como explicar, por exemplo, a relação de 1,5 linhas de celular habilitadas para cada habitante por esse Brasilzão afora?

Você já parou para contar quantas fotos digitais estão em seus arquivos? E destas, quantas você deixou para organizar mais tarde?

E as redes sociais, você deve estar em no mínimo duas, mas seus amigos ficam pedindo para você se juntar a outras, talvez igualmente atraentes. Dentro das redes sociais, os pedidos para aplicativos que você acha bom, adere e depois esquece? Quantos pedidos de calendários você recebeu no Facebook, quantos programas de TV você pode ter gravado e nunca visto? Ainda na TV, quantos canais da assinatura que você paga você jamais viu, ou até assistiu um ou outro programa, achou bom e prometeu voltar e esqueceu?

Sua filmadora ou câmera digital fica esquecida no armário, por conta da praticidade do smartphone? Você não está só!

E quando você se lembra de um evento, de um local ou de uma pessoa que você fez um registro especial, mas não lembra em qua dispositivo ou onde você armazenou? Ou então publicou um video no YouTube e não se lembra mais dele?

Pois é, você não está só! Esse tipo de comentário é recorrente nos papos sobre o mundo digital, versão 2012. E deve permanecer assim por algum tempo.

Mais tarde, dentro de um par de anos, quem sabe, começará a ficar clara a tendência de concentração em cima de plataformas de hardware, software e serviços de uso amplo. Explico: Se o Facebook não for lider de mercado em 2014, um sucedâneo seu será. Os dispositivos móveis não terão mais do que três sabores diferentes de sistema operacional, ficando os outros em nichos de mercado ou em estudos de laboratórios que estudam exotismos.

Nada diferente do que já ocorreu com carros, aviões, cinema, aplicativos tipo ERP, CRM e assemelhados.

Assim, talvez seja hora de você começar a fazer suas opções. Por exemplo, defina quais redes sociais você efetivamente participará e avise seus amigos que as outras estão fora de seu radar; faça uma limpeza das Apps que poluem o visual de seu smartphone ou tablet e que você não mais usará, que nem a gente faz -ou deveria fazer- com gavetas e prateleiras de armários de roupa.

Essa fartura digital de 2012 me faz lembrar aqueles resorts muito charmosos ou os super navios de cruzeiro, com seus monumentais buffets e serviços de comes e bebes nos intervalos. No começo, haja elasticidade do estômago e capacidade de processamento do fígado e rins. Depois, é hora de selecionar e comer e beber o essencial, ou então não aproveitamos o resto.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os limites da internet

Os limites de segurança, de liberdade e de privacidade da internet sempre são objeto de discussões, de iniciativas de imposição de limites, das diferenças entre a internet e outros canais de comunicação.

Dos fechadíssimos Irã, Coréia do Norte e Cuba às comunidades anárquicas que pregam o “pode tudo”, passando pelo controverso WikiLeaks, O fato é que, com 1/3 da humanidade conectada principalmente através das redes sociais, aplicativos como o Google Maps e o Instagram fazem a festa dos que negam controles, restrições, censura.

No plano internacional, uma postagem no Twitter de uma rádio no Afeganistão quebrou o forte sigilo que a segurança de Barack Obama fez durante sua viagem a Kabul, neste 1° de maio. Assim que o Air Force 1 pousou na base militar americana o Twitter anunciou a chegada de Obama.

Seguiram-se desmentidos oficiais, logo tendo que ser des-desmentidos pelas autoridades. Mas a viagem secreta de Obama vazou…

No plano local, o ex governador Anthony Garotinho deitou e rolou com fotos e vídeos comprometedores de festas em restaurantes e cassinos caríssimos tendo como personagem principal seu ex-aliado e adversário preferido, o governador Sérgio Cabral.

Sem internet, nenhum desses eventos teria repercussão. Com ela, os eventos repercutidos dependem cada vez menos de seus criadores e muito mais das conexões da rede.

O quê fazer, se um caso pode impactar com a segurança do lider maior da potência maior e o outro pode mostrar a inconveniência maior de atitudes menores em detrimento de bens comuns, como a decência e o dinheiro público?

Para os defensores de um big brother centralizador e, de outro lado, os pregadores da liberdade total, uma boa e uma má notícia:
  • A internet, como toda inovação que transforma as relações humanas e ganha adoção em massa, terá algum tipo de regulação.
  • Essa regulação não será nem tão forte que dará gozo aos Kim-Jong da vida nem será frouxa demais que deixaria o Julian Assange, criador do WikiLeaks bradar “eu estava certo!”
Dependendo de quem as lê, a notícia boa e a ruim podem ser uma ou outra, assim fica livre à interpretação de cada um.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Migração

Estou em processo de migração deste blog para 


guymanuel.com

Por enquanto, sigo publicando aqui e lá.

Apreciaria comentários sobre o ambiente novo.

Abraço

Guy

Dia do Orelhão

http://www.revistabeleleu.com.br/2011/04/18/disk-beleleu/
Quarta-feira, 25/04/2012 o Sul do Brasil se cala, ou, numa hipótese rósea e otimista, fica fanho. 

Tudo por conta de um suposto operador de uma suposta escavadeira que, na beira de um suposto local da BR-116, supostamente na região metropolitana de Curitiba, teria rompido três cabos de fibras óticas de três provedores do backbone de comunicação digital na região.

Com tanta gente conectada via celulares, computadores e tablets, sem falar nas máquinas digitais que devem falar entre si, o transtorno e o prejuizo foram enormes. E a cara de pau dos explicadores também.

A base da internet e das redes de comunicação modernas é fundada em princípios básicos de altas disponibilidade e qualidade. Isso se desdobra em topologia com redundância de equipamentos e cabos, distribuidos por diferentes lugares, exatamente para evitar incidentes (?) como o de quarta-feira.

Uma das exlicações mais bizarras foi na linha de dizer que os circuitos alternativos aos da BR-116 ficaram sobrecarregados, logo cairam também. Se isso é verdade, significa que os circuitos e dispositivos de contingência estão sendo usados para o tráfego normal, o que é errado, e a agência reguladora poderia cuidar disso com uma bela multa aplicada nas operadoras.

Outra explicação foi a de que acidentes acontecem, e em obra rodoviária é perfeitamente admissível ocorrerem problemas assim com serviços de empresas que usam "rights of way", ou direitos de passagem. Se isso é verdade, devemos esperar por mais acidentes com redes elétricas, de gás e, para melhor retratar a situação atual, um mega rompimento de rede de esgoto fresquinho e cheiroso.

Mas as desculpas não param por aí. Já ouvi especialista dizendo que a culpa é... nossa! Isso mesmo, estamos usando demais os serviços de telecomunicações e as ações para acompanhar a infraestrutura não podem crescer na mesma velocidade. Devemos então fazer um auto-racionamento de nosso consumo de telefonia e internet, mesmo pagando as tarifas mais altas do mundo. E devemos também explicar aos chineses que a rede digital por lá não existe, porque eles cresceram muito mais e muito mais rápido do que nós!

Mas, olhando a coisa pelo lado otimista, um pé de roseira não contém apenas espinhos. Vi a entrevista de uma senhora, proprietária de uma banca de revistas no centro de Curitiba dizendo que ela nunca vendeu tantos cartões de orelhão como naquele dia. Mais do que havia vendido desde o começo do ano. Com sobrepeço, provavelmente, pois ninguém é de ferro!

E é em homenagem a essa senhora e ao orelhão -símbolo da democratização das telecomunicações, na década de 1960- que coloco a charge que abre essa postagem.

E deixo a pergunta: será que a conectividade do século 21 está nos deixando mais tolerantes ou mais felizes de serms enganados, como na quarta, 25/04/2012? Essa data, em vez de registrar o caladão ou o apagão das comunicações, bem que poderia ser simplesmente o Dia do Orelhão!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Para quem detesta e-mail marketing

Eu raramente leio aquelas mensagens dirigidas, que não são previamente filtradas como spam.


Mas hoje recebi uma bem torta, respondi e resolvi compartilhar com vocês.

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Mensagem recebida
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Prezado/a Sr/a. Guy Coimbra De Maoel,

Estamos felizes em informar que, ao usar a solução BlackBerry Mobile, a sua empresa também pode contar agora com o BlackBerry Client para Microsoft ® SharePoint ®.

Esta solução altamente segura permite aos usuários móveis o acesso às principais características do ambiente SharePoint. Com ele, os funcionários podem colaborar em projetos de trabalho, atualização de documentos, organizar e compartilhar arquivos de forma eficiente, diretamente em seu dispositivo BlackBerry. Como resultado, a força de trabalho móvel se comunica com maior eficácia e contribui para as iniciativas incorporadas.

Para mais informações sobre como estender as capacidades do SharePoint com segurança integrada aos seus usuários de BlackBerry no servidor BES, por favor entre em contato comigo.

E se precisar de ajuda para obter produtos de BlackBerry, estou a disposição.

Atenciosamente,


Dxxxxx Ayyyyy
Vendas BlackBerry – Brasil

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Minha resposta
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Prezada (o) Dxxxxx,

Normalmente não respondo a mailings de chumbinho como esse, ainda mais com meu nome destroçado, misturas familiares e dúvidas de gênero.

Mas não pude resistir. Vamos lá:

1 - Essa não é uma decisão que me cabe, na empresa, como Chairman of the Board
2 - Minha sous-signature ao final desta já demonstra a plataforma que uso, gente como eu é meio radical, e, embora com eventuais problemas, trata a parte móvel com dispositivos iOS ou Android, com tendência a encampar em parte, o Windows Phone num futuro próximo. Blackberries já fazem parte de nosso museu de clássicos da tecnologia há dois anos.
3 - Apostar uma parte importante da solução de IT e mobilidade na plataforma da RIM é definitivamente uma exclusão de evoluções futuras e mesmo uma incerteza quanto aos rumos da simpática empresa canadense, ao nosso ver, condenada a ser absorvida por uma gigante, com perda de identidade, na melhor hipótese.
4 - A Microsoft teve no SharePoint uma excelente oportunidade de dominar o mercado no mundo da colaboração, mas pecou por não dar importância ao produto nem cuidar de formar profissionais em qualidade e quantidade suficientes. Mas a Microsoft inclui um conjunto de novas soluções, inclusive o Windows 8, em suas diversas motorizações, que parece ser um excelente caminho, mas ele não contempla nem o Blackberry e muito pouco o SharePoint.

Dito isso, eu sou a pessoa errada na empresa para avaliar, sua proposta veio formulada de modo errado e a dupla RIM + SharePoint não emociona.

Mesmo assim,

Bons negócios!

Guy Manuel
Chairman of the Board
Sigma Dataserv Informática S/A


Sent from my iPad

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O nome do(a) remetente foi propositadamente desfigurado, pois essa pessoa fazia seu papel profissional.

Mas esse tipo de tráfego de conteúdo na internet deveria ser repensado, em especial pelas grandes empresas, por serem ineficazes e ainda aborrecem os destinatários.

Fica o libelo. E eu acredito no que afirmei!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ponto de Inflexão

A tradicional Encyclopaedia Brittanica, impressa desde 1768 sem interrupções, capitula: vai continuar enciclopédica e respeitada, mas só no formato digital.


Esse marco encerra discussões acadêmicas sobre o sério (impresso) versus o fútil (na internet, Wikipedia). Vale a pena ver o video onde a capitulação é explicada no YouTube.

Eu tenho em casa uma edição comemorativa do bicentenário da enciclopédia (1968), com 25 volumes. Junto com a coleção, veio uma reprodução da primeira edição (1768), com apenas três tomos.

A edição de 2012 fecha o ciclo da derrubada de árvores com 32 volumes.

Mas o fim da Brittanica no papel tem outras explicações, que por vezes podem passar desapercebidas.

Em primeiro lugar, a impossibilidade de manter atualizado um conteudo impresso a cada dois anos com a velocidade da evolução do conhecimento humando em tempos de internet.

Devemos considerar também o fim do monopólio da verdade. Se na era da Revolução Industrial -quando a enciclopédia surgiu- o grosso da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura eram irradiadas ou influeinciadas pelo império onde o sol não se punha, hoje em dia a colaboração global parece desenhar o novo conhecimento.

As causas ecológicas são levantadas, mas a quantidade de papel usada para todos os exemplares vendidos em um ano é muito menor do que a usada por qualquer um dos 100 maiores jornais diários que circulam no mundo.

A mais prosaica de todas talvez seja a dificuldade de guardar e usar em casa os 32 volumes. As estantes estão cada vez menores, mais estreitas, e o acesso aos verbetes é algo incômodo, quando comparado à versão digital.

Assinaturas digitais da Brittanica para o computador já existem há algum tempo, e as apps para tablets estão disponíveis. Os preços, muito mais camaradas do que os US$ 1.400 da última edição em papel. A versão online vale  US$70/ano e as apps custam entre US$ 1,99 e US$ 4,99 por mês.

O modelo de negócios estava esgotado. Comparando esse preço com o de 44 anos atrás, a redução foi enorme. Lembro-me que o valor que investi foi parecido com o que paguei por um fusquinha zero.

Hoje, procuro quem queira receber de graça a coleção de 1968. Mas isso não é relevante.

O importante aqui é a inflexão de um modelo. Daqui em diante, o mundo digital fica com a exclusividade do conteudo do talvez mais tradicional veículo de registro do conhecimento humano.


quinta-feira, 8 de março de 2012

Revolução X Resolução

A curiosidade era grande. Para variar, a Apple montou uma estratégia de sigilo e dissimulação sob controle, ou seja, criou a expectativa com o lançamento do que seria o iPad 3 (iPad HD, iPad Plus), fez o habitual sigilo "total" com vazamentos seletivos através de analistas e jornalistas conhecidos, excitou a imaginação dos blogueiros e, enfim, lançou nada mais, nada menos que o Ipad e a Apple TV.

Mas a grande questão era, e foi parcialmente respondida: Como seria o primeiro grande lançamento da Apple na era pós-Steve Jobs?

Os lançamentos em São Francisco, acompanhados globalmente, não decepcionaram, mas também não chegaram a mostrar muita coisa realmente nova, embora Tim Cook tenha afirmado que o novo iPad redefiniria a experiência do usuário com o tablet. Não é exatamente isso que saiu, mas também não foi uma decepção.

A chamada na página principal da Apple usa um termo muito bem sacado para o iPad novo: Resolutionary, ou uma brincadeira com as palavras Revolutionary e Evolutionary.

A Apple aposta na maior resolução como o centro da inovação para este ano. Ela é quatro vezes mais pixels por polegada do que nos já excelentes modelos anteriores, mas nada de revolução. É exatamente a mesma do iPhone 4.

Aí vem o processador mais rápido, o A5X, um processador gráfico de 4 núcleos, mais memória principal e uso da tecnologia celular 4G, esta ainda não disponível entre nós, e sem prazo para aparecer.

A Apple TV ficou no extremo conservador das expectativas. Os mais entusiasmados preditores usaram até as palavras de Walter Isaacson, o biógrafo oficial de Steve Jobs para inferir que a empresa da maçã finalmente entraria no mundo das TVs de tela grande (o iTV), para concorrer com as gigantes Sony, LG, Samsung e Philips. Nada disso. O que houve foi a evolução da pequena caixinha preta que serve de media center e custa (lá) US$ 99 e um monte de R$ (aqui) para um modelo que suporta Full HD e incorpora o já bom Genius do iTunes para tornar a busca de videos mais focada nas preferências do cliente.

Mas o que houve de impressionante foi a quantidade e a qualidade de aplicativos. Além da incorporação de funcionalidades no já excelente Garage Band, a disponibilização do iPhoto para o iPad e o iPhone, com uma interface muito bem cuidada e extremamente fácil de usar.  Muitos deles já estão disponíveis e a maioria roda nos iPads e iPhones mais recentes, ou seja, nada fica obsoleto.

Surgiu também uma batelada de novos games que utilizam em pleno a resolução, a velocidade do processador gráfico e, claro, a adutora do 4G que permite velocidades pela rede celular de até 72Mb, coisa que nem temos idéia do que seja.

Sony, Microsoft, Nintendo, tremei!

Essa aposta inesperada da Apple nos games, e a forte participação de desenvolvedores externos surpreendeu a muitos analistas, pois isso era esperado para mais tarde. Mas as cartas estão lançadas, vamos ver como fica.

O grande ausente no iPad foi o Siri.

Pensando um pouco, um dia depois dos anúncios, parece óbvio que o iPad de 3ª geração (simplesmente iPad, sem adjetivos ou sufixos) é uma evolução, não uma revolução. Mas, ao focar na melhoria da experiência do usuário - o grande mantra da Apple- é muito provável que mais gente se renda a seus encantos.

Afinal, ficou muito mais fácil e mais agradável capturar e tratar fotos e vídeos, buscar entretenimento pago via iTunes Store (os livros passam a vir com resolução próxima a do papel impresso, algo que parecia difícil sem o uso da tecnologia eInk) e sinaliza para a consolidação do modelo iCloud e de uma aceleração da venda de aplicativos, músicas, vídeos e livros.

Sinaliza também para os próximos lançamentos, como o Mountain Lion, o novo sistema operacional do Mac, que deverá ficar bem mais próximo do iOS (6?). Ontem a Apple disponibilizou o iOS 5.1, já com boas novidades.

O maior desafio segue sendo a manutenção do crescimento. No último trimestre de 2011, a Apple cresceu impressionantes 76% em vendas, quando comparado com o último trimestre de 2010. Excelente para uma empresa que vale mais de meio trilhão de dolares na Bolsa e exibe robustas margens operacionais, mas manter essa taxa parece difícil, quase impossível.

Com a concorrência somada já encostando nos 50% de market share, o mercado de tablets já oferece excelentes opções na plataforma Android e agora, começando a aparecer nas estatísticas, a Microsoft deu um salto à frente de todos ao mostrar como será o Windows 8, uma coisa só para qualquer dispositivo.

O que parece continuar sendo o diferencial da Apple é a riqueza de conteúdo que só parece aumentar à medida em que a experiência do usuário fica cada vez melhor.

Pode ser que aí esteja a revolução, que muita gente não enxergou: a persistência de um modelo que vem dando certo nos últimos anos, que é a sedução do usuário. Afinal, no último trimestre de 2011 a Apple vendeu mais iPads do que a HP, lider mundial de omputadores, conseguiu faturar com notebooks.


E não custa lembra que, há apenas 2 anos atrás, quase todos os especialistas torciam o nariz para o iPad original, um iPhonão sem telefone ou um notebook sem teclado, diziam as cassandras.



quinta-feira, 1 de março de 2012

Dispositivos Móveis: A Hora da Negociação

Quando se estuda a evolução da tecnologia até chegar ao mainstream, ou uso em massa, podemos adotar várias abordagens e metodologias. Aqui eu vou propor a minha, baseada em décadas de participação nesse mundo e, especialmente, de muita observação e meditação.


Para efeitos didáticos, vamos dividir a evolução em três etapas, segundo o protagonista de cada uma:

1- Os Engenheiros
2- Os Advogados
3- Os Negociadores

Explico:

Na fase 1, uma boa idéia, gestada em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, tem seu seguimento conduzido por técnicos, não só, mas principalmente, composto por engenheiros, físicos, matemáticos, enfim, a turma das exatas. Daí surgem os microprocessadores, as memórias, os displays, as telas sensíveis ao toque, os dispositivos de armazenamento, as redes de comunicação, apenas a título de exemplo e simplificação. Concepção, parto, primeiros cuidados com a criança até que ela firme seus passos.

Na fase 2, alguma(s) empresa(s) ganham a dianteira no mercado, e a defesa de patentes, marcos regulatórios, enquadramentos tributários e outros quetais viram prioridade. É a fase de ouro dos advogados, ajudando as empresas e as tecnologias a ganharem dominância. Talvez aqui a analogia seja com a adolescência, com seu rápido crescimento, o encontro com novas realidades, os conflitos do novo x estabelecido, a era da contestação e da busca pelo diferente.

Na fase 3, a realidade e a maturidade. Para seguir participando da festa, é preciso negociar alianças ou parcerias, conviver com os rivais, competir dentro de regras estabelecidas. Aqui se definem padrões, protocolos e as regras do ganha-ganha, no jargão dos negócios. É a fase adulta.

Podemos dar alguns exemplos, no mundo eletrônico e digital:

A briga VHS x Betamax: quem viu, sabe que o Betamax era superior ao VHS, quando o tema era gravação de conteudo de video doméstico. O problema foi da Sony, detentora da tecnologia Betamax que não viu a necessidade de negociar, enquanto que os concorrentes se juntaram e fizeram do medíocre VHS o padrão de fato, o que possibilitou o rápido crescimento do mercado. Os engenheiros da Sony eram melhores, seus advogados pegaram uma causa perdida e seus negociadores não tinham o quê negociar. Anos depois, a gigante japonesa aprendeu a lição e deu a volta por cima, ganhando com o padrão BluRay.

O Consenso USB: Antes dessa porta genial, chamada Universal Serial Bus, o mundo dos primitivos computadores era o caos completo. Só a miríade de cabos e conectores de tantos pinos, serial ou paralelo, mini ou normal, fazia com que nada ganhasse escala para atender a todos. Aí os grandes atores do mercado sentaram-se a mesas de negociação para chegar a um consenso assinado. E veio a USB, já na sua Geração 3, com um sucesso tão grande e tomada como algo tão natural quanto o sol e a chuva, que fica complcado explicar aos mais jovens que já houve uma era pré-USB. Mesmo assim, alguns renitentes -Apple à frente- insistem em esdruxulices como FireWire e similares. Esse é um raro caso onde as fases 2 e 3 andaram praticamente juntas.

A internet: já pensaram se não existisse um protocolo abreviado por http? Pois então, isso já existiu em priscas eras, quando os computadores e os terminais só falavam entre si se fossem da mesma marca e da mesma geração. A internet levou quase 30 anos desde seu primeiro impulso de uma rede de comunicação até o início de sua adoção em massa, nos meados da década de 1990. Uma série de eventos levou a isso, eu sei, mas se não fosse um protocolo (http), ainda teríamos ilhas não conectadas. Mas até chegar lá, brigas bilionárias envolvendo fabricantes de computadores, de equipamentos de telecomunicações, de software e, claro, de governos e entes reguladores desaguaram em tribunais locais e internacionais até que houve a evolução para  afase adulta: "Vamos negociar!"

Agora é a vez dos dispositivos móveis. Os celulares comuns, aqueles que só permitem falar e mandar/receber torpedos estão com seus dias contados. Mais um pouco, e a maioria das vendas vai ser dos ditos smartphones, que, quando dominarem o mercado, devem perder o prefixo smart e algo novo vai aparecer. E os antigos aparelhos virarão, por analogia, dumbphones, ou telefones burros.

Não esqueçamos dos tablets, que agora completam 2 anos de mercado de massa, depois do fenômeno do iPad. Em 2012, a marca de 100 milhões de unidades vendidas será facilmente alcançada, com crescimento de vendas esperado acima de 40% ao ano no futuro previsível. Ou seja, tablet vai ser uma geringonça que todo mundo vai ter ou vai querer, contrariando as cassandras que diziam que ninguém iria querer comprar um iphonão ou um laptop sem teclado.

E os laptops, agora turbinados com o conceito dos ultrabooks, vai continuar relevante e conectado.

Fazer com que essas três famílias falem entre si e, dentro de cada segmento, sejam muito compatíveis parece ser o novo desafio.

Por enquanto, nós, usuários, achamos que esse mundo é maravilhoso, que os gadgets criados por engenheiros fabulosos são o passaporte para o nirvana.

Mas os advogados brigam nos tribunais, desde sobre quem tem o direito à marca iPad até sobre a patente da funcionalidade slide nos martphones, ou aquela que você desliza o dedo sobre uma regua virtual para desligar seu aparelho, passando, naturalmente, pela hegemonia dos sistemas operacionais, hoje uma briga entre os gigantes Microsoft, Apple e Google.

Falando em Google, enquanto escrevo leio que a rede social FourSquare, que essencialmente é ancorada na localização física de seus participantes, abandona o Google Maps como ferramenta para aderir a uma solução aberta feita por uma startup...

Isso aí ainda vai ter muita discussão sobre tecnologia, pelos engenheiros e usuarios, mas o papel dos advogados vai crescer.

Já se vislumbra alguma negociação séria. No evento de mobilidade que acontece em Barcelona, todos menos a Apple sentam-se a mesa para começar a negociar um novo padrão.

Seria ingênuo apostar que dali surgirá a nova e mágica universalidade digital, e que a Apple ficaria isolada com sua arquitetura proprietária. A diferença, agora, que não pode ser ignorada, é que a Apple e seus produtos e serviços já ficaram grandes demais para poderem ser ignorados. Afinal, uma empresa que supera o meio trilhão de dólares em valor de mercado, enquanto tudo isso ocorre, não ficará de fora.

Mas os estrategistas da Apple e seus valorosos engenheiros insistem no modelo fechado. Talvez o melhor exemplo de turrice esteja no seu lindo Facetime, para conexão de audio e video entre seus usuários. O problema é que o Facetime não funciona com o resto do mundo nem com versões anteriores de produtos e sistemas operacionais da Apple.

Resumo da ópera: a história se repete, e estamos provavelmente no meio de uma profunda transformação de ambientes, plataformas e dispositivos, para aplicações que vão mudar e mudar muito.


A diferença agora, no mundo da mobilidade, é que essas transformações abrangerão uma parcela ponderável da humanidade. Talvez a busca por padrões e protocolos de entendimento seja, afinal, não uma estratégia sensata de negócios, mas uma questão de sobrevivência.





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Cachorro e o Tablet

No próximo dia 3 de abril, o iPad assopra duas velinhas. Nem parece que foi ontem o lançamento de um controvertido produto, em cima de uma tecnologia que existia há mais de uma década e que a maioria dos analistas e concorrentes apostava que ia ser um fracasso.

Mas o mundo real provou o contrário: o iPad e os tablets concorrentes rapidamente ultrapassaram a barreira de 100 milhões de unidades vendidas e um mercado superior a US$100 bilhões foi virtualmente criado a partir do nada. Ou melhor, a partir de uma visão de uma pessoa -Steve Jobs- que dizia não adiantar fazer pesquisa de mercado para saber da reação dos compradores sobre algo que eles ainda nem sabiam que iriam precisar.

A discussão sobre a utilidade do tablet segue aquecida, mesmo entre os quase 200 milhões de proprietários mundo afora.

Outro dia, recebi mensagem de um amigo meu no Facebook que se dizia preocupado com a proliferação de dispositivos que ele acabava tendo que aderir por conta da necessidade de se manter atualizado e conectado com o mundo.

E aí ele me listou, por ordem de aquisição: desktop, câmera fotográfica, iPod, laptop, smartphone pessoal, filmadora Full HD, smartphone corporativo, GPS e finalmente o tablet.

Nesse meio do caminho, ele relatou que quase não usa mais o desktop, o laptop ficou para uso profissional, os smartphones não desgrudam dele e o tablet "só falta ter um siga-me automático, um latido e algumas pulgas para ficar que nem meu cachorro de estimação".

Ele também acaba usando sua câmera digital em ocasiões muito especiais e aposentou definitivamente a poderosa filmadora Full HD, já que a câmera e um dos smartphones são capazes de capturar vídeos 1080p com praticamente os mesmos efeitos, ao menos dentro de sua expectativa de uso. O iPod não virou sucata, mas agora mora em uma docking station conectada a seu home theater.

Desde novembro, diz meu amigo, ele só percorre suas quatro contas de e-mail usando seu tablet, aí contada a corporativa, e nem se lembra mais quando foi a última vez que ele alugou um vídeo na locadora ou comprou um título de livro impresso em inglês ou alemão pela Amazon, esses viraram eBook. Músicas em meio físico, então, nem pensar, depois que ele conseguiu comprar as coleções de Adoniran Barbosa e dos Beatles na iTunes Store para repor as que havia perdido quando de seu primeiro divórcio. E o GPS do carro, que ele pagou uma grana preta, agora está disponível como um aplicativo para seu smartphone por uma fração do preço.

Como ele já é um cinquentão alto, significa que ele passou por várias fases da evolução tecnológica e dos traumas a ela associados. Poderia ter sido tentado a pregar as virtudes do passado, mas seguiu, valente, as novas tendências.

Hoje ele é absolutamente dependente do tablet, algo que, em abril de 2010 ele nem imaginava ter. Quando eu postei minha primeira perspectiva do iPad neste blog, ele disse que estaria na turma dos que "nem esperando para ver o que aconteceria teria a mais remota tentação de comprar um". Sua rejeição ao tablet, que ele nem sabia o que era, durou meros três meses, e acabou quando ele foi em julho com a filha e os dois netinhos para Orlando, com direito até mesmo a fila de espera na loja da Apple.

Mas é aí que a cobra fuma: no meu entender, pouco importa o que eu, meu amigo ou todos os demais nascidos no século XX, no segundo milênio da era cristã, podem pensar. O fato é que essa geração D nascida em anos que começam com 2 sequer viveu uma era sem internet, sem dispositivos com tela sensível ao toque e vai estar no mercado dentro de poucos anos.

E essas tecnologias, dentre outras coisas, eliminam barreiras de acesso ao conhecimento (internet) e criam uma forma intuitiva de interação com as máquinas. O touch-screen foi uma novidade nos smartphones e provaram seu verdadeiro valor nos tablets. Basta ver a naturalidade que qualquer criança tem ao manusear um tablet, mesmo sem ainda ter saido das fraldas.

Se voltarmos ao tempo, muita gente falava contra os smartphones (eram caros, muitos nem teclado tinham e lhes faltava a graça e a duração da bateria dos flip-phones, como o tão popular StarTac da Motorola) e mesmo contra os desktops (o presidente da Digital Equipment, Ken Olsen, dizia na década de 70, que não via nenhuma razão para um indivíduo ter um computador em casa. Não por outro motivo, a DEC, então lider de mercado no segmento de minicomputadores, acabou comprada pela Compaq, que, por sua vez, acabou no bolso da HP).

No caso do tablet, a mudança foi e será ainda mais radical, pois o descrédito original transformou-se rapidamente na percepção de que ele potencializa o uso de múltiplas funcionalidades e facilita, como nenhum outro, o acesso a conteudos dos mais váriados tipos, e já possui literalmente milhões de aplicativos disponíveis, a maioria gratuito.

Mas ainda não chegamos lá.

Ao meu amigo do Facebook, eu respondi que, à excessão das pulgas, ele poderia ter quase todo o resto do cão no tablet, ou quase isso, o que lhe gerou uma dúvida existencial em relação ao seu companheiro de muitos anos...

Numa dessas, dá para pensar num App que atraia pulgas e o tablet comece a se coçar, mas aí já é querer demais!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

orkut deixa de ter razão de existir

Finalmente o Facebook passou o orkut no Brasil em número de usuários. E o orkut está com prazo de validade vencido.

A conferir:


1- Brasil lidera em número de usuários do orkut no mundo
2- Brasil tem menos de 3 %:
 
  •   do número de internautas do planeta
  •   da população do planeta Terra
  •   do PIB mundial
3- Facebook tem, no mundo, 15 vezes mais contas que o orkut
4- Google investe no Google+ e estimula migração de perfis do orkut
5- orkut parou no tempo e no espaço

6- Juntando as pontas de 1 a 5, nenhuma rede social multi função vai ser competitiva na internet global tendo uma porcentagem relevante de 2 a 3% do total possível.




É só uma questão de tempo, e o orkut será peça do museu digital.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Volta Abrupta no Tempo

Geração D, dizem uns; Geração Z, preferem outros; eu os chamo - com quem eu mais convivo -os Netos 2.0, nascidos neste terceiro milênio, para quem os artefatos digitais, as telas sensíveis ao toque, a conectividade, são dados, não variáveis.

Eu sempre os olhava como um novo grupo que cresce, em quantidade e qualidade, mas que precisava ser entendido e abordado por todos nós que nascemos no milênio passado de uma forma diferente, nesse mundo que agora ficou completamente diferente.

Ou seja, nós os imigrantes digitais, precisávamos nos adaptar, e rápido!

O que nunca havia prestado atenção era para as perguntas embaraçosas que eles podem nos fazer sobre o passado, como aconteceu comigo dias atrás, conversando com um jovem de 8 anos, ao lhe ser apresentada uma carta manuscrita, envelopada, selada, carimbada e endereçada e postada nos Correios no final dos anos 1970.

A escrita cursiva até que ele entendeu, mas o selo... "o que e isso, um carimbo?"

E a assincronicidade da carta, fazê-lo entender o manuscrever, dobrar, envelopar, lamber e colocar selo, carimbar, mandar pelos Correios para chegar ao destinatário em alguns dias? "Por que não digitaliza e manda por email, ou posta no Facebook?". Ou seja, para ele essas facilidades digitais existem naturalmente. Desde sempre.

Eu cheguei a pensar em contar a ele mais uma história "daquele tempo": A do cara que precisava falar de Curitiba com seu escritório em São Paulo e precisava pedir a ligação e esperar 10 horas em um posto telefônico, isso em 1968, o ano do AI5 no Brasil, das rebeliões de jovens na França e, claro, de Woodstock! Desisti antes mesmo de dar mais esse nó na cabeça do moleque... Afinal, ele já conhece Skype e celular.

Numa dessas, precisamos mais é nos considerar definitivamente pré-historicos e começar a escrever Apps ou games bem transados sobre o segundo milênio antes que eles inventem a sua própria versão.

Para não pensar muito no assunto, fui ao iTunes, aluguei o Midnight in Paris, do Woody Allen, e revi esse filmaço com outros olhos. E não sei se não acabei na década de 1920 ou na Belle Époque, em 1890, tomando um absinto com meu amigo Edgar Degas...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sopa na Pipa do Azeredo

  • Censurar, controlar, monitorar a web?
  • Deixar correr a coisa solta, como ocorre hoje na maioria dos países?
  • Podemos ser digitais sem regras?
  • Pois é, cada movimento novo que surge, na humanidade, busca a liberdade. Isso desde sempre, é só analisar a história.

Não faz muito tempo, a regra de contraposição a esses movimentos era a violência física, pois todos os regimes eram autocráticos. E mesmo os que os substituiam, em nome da liberdade, também impunham suas linhas com base na força. Ou na forca. Ou em outras alternativas mais tecnológicas. Basta buscar qualquer relação de pescoços premiados pelo invento de Joseph-Ignace Guillotin, após a Revolução Francesa...

Hoje em dia, com a revolução digital e a internet, os controles fortes são exercidos em países onde a liberdade individual é apenas um sonho. Mas, nos países ditos democráticos, as tentativas de controle de conteúdo e tráfego na internet não param de surgir.

Muitas delas são oriundas de grupos de interesse que se sentem prejudicados, como as distribuidoras de música e livros. Outras, simplesmente, para evitar críticas e o contraponto natural que a democracia oferece e a internet potencializa.

De um lado, quem não está diretamente afetado louva os movimentos de pressão em cima dos ditadores, alguns já "ex", do Mediterrâneo e adjacências. Mas é só haver alguma contestação que esses mesmos louvadores da liberdade já passem para  outro lado, como já mostraram Nicholas Sarkozy e Rod Cameron.

Mas há, inegavelmente, um movimento para impor algumas regras, algumas leis. Duas delas estão no Congresso americano, o PIPA (Protect Intellectual Property Act) e o SOPA (Stop Online Piracy Act), o primeiro já com discussões avançadas, o segundo ainda nas preliminares, este bem mais forte do que o anterior.

A linha básica de argumentação de ambos é válida: proteger a propriedade intelectual e acabar com a pirataria. Mas ambos padecem de defeitos essenciais: eles permitem a imposição de penalidades antes mesmo da prova de ilícito e podem ser aplicados a partir dos Estados Unidos, sem ligar para leis nacionais e acordos internacionais. E os americanos controlam, queiramos e gostemos ou não, a espinha dorsal da internet, bem como as principais empresas globais de tráfego no mundo digital são americanas: a Apple, a Amazon, o Google e o Facebook.

Aí vemos a iniciativa local, de autoria do então senador e atual deputado federal Eduardo Azeredo, (MG), que é menos restritiva que a Pipa e a Sopa, mas, mesmo assim, propõe controlar, restringir, e, pior do que tudo, está na bica de ser votada em definitivo na Câmara dos Deputados, com grandes chances de aprovação.

Muitos outros países -inclusive alguns com longa tradição liberal- estão discutindo e aprovando medidas semelhantes.

Os argumentos são parecidos: OK, você abre mão de parte de sua liberdade individual em prol do bem coletivo, fortalece a inovação tecnológica e preserva os investimentos de empresas estabelecidas, e é assim que o mundo progride e pronto!

Fazendo analogias baseadas em fatos históricos, é fácil imaginar que algum controle acabaremos por ter, tirando um pouco desse lado libertário  e romântico da internet. Pode ser que a pirataria, a pornografia e o roubo de dinheiro nas transações digitais diminuam. Pode ser que simplesmente deixem de aumentar.

Eu acho que, no mínimo, devemos estar alertas e participativos -usando tudo aquilo que a internet nos proporciona hoje- para evitar o surgimento de guilhotinas digitais, que, antes de fazer justiça, simplesmente eliminam os adversários e as idéias contrárias.

As batalhas estão sendo silenciosamente travadas mundo afora, com diferentes cenários. Mas precisamos de muita atenção para que não nos transformemos em uma Coréia do Norte global.

A melhor imagem que me veio à cabeça é aquela famosa do Hal 9000, de 2001, uma Odisséia no Espaço, que está estampada logo no começo da postagem. Lá, a máquina toma conta do homem; agora, os homens estão com idéias meio esquisitas...


Precisamos ficar de olho!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Olhe o passado, entenda o futuro

Como profissional da área digital, muitas vezes achava que toda a história já havia sido escrita, parodiando Francis Fukuyama. Mas nada mais era do que a empolgação por algo muito novo, muito cool, fácil de usar e com muito apelo.


Então, hoje comparo um PalmPilot de 1996 com um iPhone 4S de 2011, em um exercício livre, sem preocupação de acuracidade, apenas de ordem de grandeza. Vamos ver o que dá?

O PalmPilot versão Pro, tinha um processador de 16Mhz e uma memória de 1Mb. Custava US$ 399, ou US$ 457 de 2011*. Basicamente, ele sincronizava a um PC as agendas de compromissos e telefones, tinha uma calculadora, alguns joguinhos e uma tela sensível ao toque... de uma caneta, com uma linguagem de interação chamada Grafitti, que permitia manuscritos serem reconhecidos como textos, depois de muito esforço.

O Palm foi o primeiro handheld de sucesso, fazendo o Newton da Apple cair no esquecimento como algo caro, desengonçado e pouco útil.

Passamos pela linha do tempo e chegamos ao final de 2011 com o iPhone 4S, versão básica:

O iPhone 4S, na sua menor versão, tem um processador de 800 Mhz (50 vezes mais rápido), e 16 Gb de memória flash, 1 Gb de memória principal (16.000 vezes mais memória total, 1.000 vezes mais memória total). Custa US$ 595* em um plano da AT&T. Pode ter centenas de aplicativos e tem conexões WiFi, 3G, Bluetooth...


Se formos aplicar a lei de Moore nesses 15 anos, vemos que ela não é exata, mas dá a dimensão do crescimento da capacidade de processamento e armazenamento, velocidade e, sobretudo, da diversidade de aplicativos.

Há 15 anos atrás, se alguém arriscasse dizer a um dono de um Palm que um dia seria possível fazer com algo daquele tamanho e daquele preço o que um iPhone 4S faz, esse alguém seria taxado de louco.

Mas a verdade é que os dispositivos digitais seguirão sua evolução mais ou menos nessa linha que vimos nesses 15 anos.

Hoje seria difícil imaginar o que um dispositivo portátil do tamanho de um Palm ou iPhone será capaz de fazer em 2026, com digamos... um processador com um clock de 40Ghz e memória de 16Tb.

Pode ser até que nem precise disso  tudo, que com a internet cada vez mais veloz e mais barata, o armazenamento em dispositivo local seja algo irrelevante.

A convergência de dispositivos e de aplicativos deve fazer com que possamos nos comunicar do carro, da sala, do escritório, de qualquer lugar, sempre de forma eficiente e trivial. O reconhecimento de voz, ou até mesmo o reconhecimento seguro das pessoas pode levar a novas quebras de paradigma.

Mas não sou eu o futurólogo que vai ousar prever. Só dá para dizer que, em 2026, provavelmente vamos olhar para um iPhone 4S, ou um equivalente com uma peninha de ver algo tão primitivo e de uso difícil e limitado.

Será que você, leitor desse blog, arriscaria palpites para 2026?

* Os preços são válidos para o mercado dos Estados Unidos e os valores em dolar são corrigidos pelo Consumer Price Index - CPI.