quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

orkut deixa de ter razão de existir

Finalmente o Facebook passou o orkut no Brasil em número de usuários. E o orkut está com prazo de validade vencido.

A conferir:


1- Brasil lidera em número de usuários do orkut no mundo
2- Brasil tem menos de 3 %:
 
  •   do número de internautas do planeta
  •   da população do planeta Terra
  •   do PIB mundial
3- Facebook tem, no mundo, 15 vezes mais contas que o orkut
4- Google investe no Google+ e estimula migração de perfis do orkut
5- orkut parou no tempo e no espaço

6- Juntando as pontas de 1 a 5, nenhuma rede social multi função vai ser competitiva na internet global tendo uma porcentagem relevante de 2 a 3% do total possível.




É só uma questão de tempo, e o orkut será peça do museu digital.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Volta Abrupta no Tempo

Geração D, dizem uns; Geração Z, preferem outros; eu os chamo - com quem eu mais convivo -os Netos 2.0, nascidos neste terceiro milênio, para quem os artefatos digitais, as telas sensíveis ao toque, a conectividade, são dados, não variáveis.

Eu sempre os olhava como um novo grupo que cresce, em quantidade e qualidade, mas que precisava ser entendido e abordado por todos nós que nascemos no milênio passado de uma forma diferente, nesse mundo que agora ficou completamente diferente.

Ou seja, nós os imigrantes digitais, precisávamos nos adaptar, e rápido!

O que nunca havia prestado atenção era para as perguntas embaraçosas que eles podem nos fazer sobre o passado, como aconteceu comigo dias atrás, conversando com um jovem de 8 anos, ao lhe ser apresentada uma carta manuscrita, envelopada, selada, carimbada e endereçada e postada nos Correios no final dos anos 1970.

A escrita cursiva até que ele entendeu, mas o selo... "o que e isso, um carimbo?"

E a assincronicidade da carta, fazê-lo entender o manuscrever, dobrar, envelopar, lamber e colocar selo, carimbar, mandar pelos Correios para chegar ao destinatário em alguns dias? "Por que não digitaliza e manda por email, ou posta no Facebook?". Ou seja, para ele essas facilidades digitais existem naturalmente. Desde sempre.

Eu cheguei a pensar em contar a ele mais uma história "daquele tempo": A do cara que precisava falar de Curitiba com seu escritório em São Paulo e precisava pedir a ligação e esperar 10 horas em um posto telefônico, isso em 1968, o ano do AI5 no Brasil, das rebeliões de jovens na França e, claro, de Woodstock! Desisti antes mesmo de dar mais esse nó na cabeça do moleque... Afinal, ele já conhece Skype e celular.

Numa dessas, precisamos mais é nos considerar definitivamente pré-historicos e começar a escrever Apps ou games bem transados sobre o segundo milênio antes que eles inventem a sua própria versão.

Para não pensar muito no assunto, fui ao iTunes, aluguei o Midnight in Paris, do Woody Allen, e revi esse filmaço com outros olhos. E não sei se não acabei na década de 1920 ou na Belle Époque, em 1890, tomando um absinto com meu amigo Edgar Degas...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sopa na Pipa do Azeredo

  • Censurar, controlar, monitorar a web?
  • Deixar correr a coisa solta, como ocorre hoje na maioria dos países?
  • Podemos ser digitais sem regras?
  • Pois é, cada movimento novo que surge, na humanidade, busca a liberdade. Isso desde sempre, é só analisar a história.

Não faz muito tempo, a regra de contraposição a esses movimentos era a violência física, pois todos os regimes eram autocráticos. E mesmo os que os substituiam, em nome da liberdade, também impunham suas linhas com base na força. Ou na forca. Ou em outras alternativas mais tecnológicas. Basta buscar qualquer relação de pescoços premiados pelo invento de Joseph-Ignace Guillotin, após a Revolução Francesa...

Hoje em dia, com a revolução digital e a internet, os controles fortes são exercidos em países onde a liberdade individual é apenas um sonho. Mas, nos países ditos democráticos, as tentativas de controle de conteúdo e tráfego na internet não param de surgir.

Muitas delas são oriundas de grupos de interesse que se sentem prejudicados, como as distribuidoras de música e livros. Outras, simplesmente, para evitar críticas e o contraponto natural que a democracia oferece e a internet potencializa.

De um lado, quem não está diretamente afetado louva os movimentos de pressão em cima dos ditadores, alguns já "ex", do Mediterrâneo e adjacências. Mas é só haver alguma contestação que esses mesmos louvadores da liberdade já passem para  outro lado, como já mostraram Nicholas Sarkozy e Rod Cameron.

Mas há, inegavelmente, um movimento para impor algumas regras, algumas leis. Duas delas estão no Congresso americano, o PIPA (Protect Intellectual Property Act) e o SOPA (Stop Online Piracy Act), o primeiro já com discussões avançadas, o segundo ainda nas preliminares, este bem mais forte do que o anterior.

A linha básica de argumentação de ambos é válida: proteger a propriedade intelectual e acabar com a pirataria. Mas ambos padecem de defeitos essenciais: eles permitem a imposição de penalidades antes mesmo da prova de ilícito e podem ser aplicados a partir dos Estados Unidos, sem ligar para leis nacionais e acordos internacionais. E os americanos controlam, queiramos e gostemos ou não, a espinha dorsal da internet, bem como as principais empresas globais de tráfego no mundo digital são americanas: a Apple, a Amazon, o Google e o Facebook.

Aí vemos a iniciativa local, de autoria do então senador e atual deputado federal Eduardo Azeredo, (MG), que é menos restritiva que a Pipa e a Sopa, mas, mesmo assim, propõe controlar, restringir, e, pior do que tudo, está na bica de ser votada em definitivo na Câmara dos Deputados, com grandes chances de aprovação.

Muitos outros países -inclusive alguns com longa tradição liberal- estão discutindo e aprovando medidas semelhantes.

Os argumentos são parecidos: OK, você abre mão de parte de sua liberdade individual em prol do bem coletivo, fortalece a inovação tecnológica e preserva os investimentos de empresas estabelecidas, e é assim que o mundo progride e pronto!

Fazendo analogias baseadas em fatos históricos, é fácil imaginar que algum controle acabaremos por ter, tirando um pouco desse lado libertário  e romântico da internet. Pode ser que a pirataria, a pornografia e o roubo de dinheiro nas transações digitais diminuam. Pode ser que simplesmente deixem de aumentar.

Eu acho que, no mínimo, devemos estar alertas e participativos -usando tudo aquilo que a internet nos proporciona hoje- para evitar o surgimento de guilhotinas digitais, que, antes de fazer justiça, simplesmente eliminam os adversários e as idéias contrárias.

As batalhas estão sendo silenciosamente travadas mundo afora, com diferentes cenários. Mas precisamos de muita atenção para que não nos transformemos em uma Coréia do Norte global.

A melhor imagem que me veio à cabeça é aquela famosa do Hal 9000, de 2001, uma Odisséia no Espaço, que está estampada logo no começo da postagem. Lá, a máquina toma conta do homem; agora, os homens estão com idéias meio esquisitas...


Precisamos ficar de olho!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Olhe o passado, entenda o futuro

Como profissional da área digital, muitas vezes achava que toda a história já havia sido escrita, parodiando Francis Fukuyama. Mas nada mais era do que a empolgação por algo muito novo, muito cool, fácil de usar e com muito apelo.


Então, hoje comparo um PalmPilot de 1996 com um iPhone 4S de 2011, em um exercício livre, sem preocupação de acuracidade, apenas de ordem de grandeza. Vamos ver o que dá?

O PalmPilot versão Pro, tinha um processador de 16Mhz e uma memória de 1Mb. Custava US$ 399, ou US$ 457 de 2011*. Basicamente, ele sincronizava a um PC as agendas de compromissos e telefones, tinha uma calculadora, alguns joguinhos e uma tela sensível ao toque... de uma caneta, com uma linguagem de interação chamada Grafitti, que permitia manuscritos serem reconhecidos como textos, depois de muito esforço.

O Palm foi o primeiro handheld de sucesso, fazendo o Newton da Apple cair no esquecimento como algo caro, desengonçado e pouco útil.

Passamos pela linha do tempo e chegamos ao final de 2011 com o iPhone 4S, versão básica:

O iPhone 4S, na sua menor versão, tem um processador de 800 Mhz (50 vezes mais rápido), e 16 Gb de memória flash, 1 Gb de memória principal (16.000 vezes mais memória total, 1.000 vezes mais memória total). Custa US$ 595* em um plano da AT&T. Pode ter centenas de aplicativos e tem conexões WiFi, 3G, Bluetooth...


Se formos aplicar a lei de Moore nesses 15 anos, vemos que ela não é exata, mas dá a dimensão do crescimento da capacidade de processamento e armazenamento, velocidade e, sobretudo, da diversidade de aplicativos.

Há 15 anos atrás, se alguém arriscasse dizer a um dono de um Palm que um dia seria possível fazer com algo daquele tamanho e daquele preço o que um iPhone 4S faz, esse alguém seria taxado de louco.

Mas a verdade é que os dispositivos digitais seguirão sua evolução mais ou menos nessa linha que vimos nesses 15 anos.

Hoje seria difícil imaginar o que um dispositivo portátil do tamanho de um Palm ou iPhone será capaz de fazer em 2026, com digamos... um processador com um clock de 40Ghz e memória de 16Tb.

Pode ser até que nem precise disso  tudo, que com a internet cada vez mais veloz e mais barata, o armazenamento em dispositivo local seja algo irrelevante.

A convergência de dispositivos e de aplicativos deve fazer com que possamos nos comunicar do carro, da sala, do escritório, de qualquer lugar, sempre de forma eficiente e trivial. O reconhecimento de voz, ou até mesmo o reconhecimento seguro das pessoas pode levar a novas quebras de paradigma.

Mas não sou eu o futurólogo que vai ousar prever. Só dá para dizer que, em 2026, provavelmente vamos olhar para um iPhone 4S, ou um equivalente com uma peninha de ver algo tão primitivo e de uso difícil e limitado.

Será que você, leitor desse blog, arriscaria palpites para 2026?

* Os preços são válidos para o mercado dos Estados Unidos e os valores em dolar são corrigidos pelo Consumer Price Index - CPI.