segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Urna Eletrônica 2010: a prova de fraudes?

Outro dia me lembrei da polêmica causada aqui neste blog por conta de postagens onde eu falava na volta ao passado, por conta dos lobbies de interesse na impressão do voto. Admito haver subestimado o poder de pressão que, ao cabo do processo, acabou enfiando goela abaixo as urnas com mecanismo de impressão.

Não vou requentar o debate em cima de um fato consumado, mas quero estranhar o silêncio dos candidatos contumazes que levantam lebres de conspiração contra eles (são sempre candidatos derrotados).

Agora, em plena campanha eleitoral, ninguém reclama. Só depois de as urnas estarem fechadas em 3 de outubro é que a turma da ZR (Zona do Rebaixamento) vai chiar que houve fraude.

O processo de votação eletrônica no Brasil segue sendo o mais seguro do mundo. Agora, com a impressão do voto, ficará também mais caro.

Eu só queria ver algum candidato eleito reclamar de fraude nas urnas... É que nem dirigente ou técnico de time de futebol reclamando do árbitro depois de uma derrota.

Google Voice: Ameaça para o Skype?

Semana passada tivemos o lançamento do Google Voice, inicialmente nos Estados Unidos e Canadá. Do ponto de vista das funcionalidades anunciadas, parece ser bem mais completo que o Skype. Mas o Skype tem hoje quase 500 milhões de contas, muitas em duplicidade, por certo. Por enquanto, telefonia IP segue sendo sinônimo de Skype, que hoje controla 13% de todas as ligações internacionais pagas.

Não devemos nunca subestimar a capacidade de inovação do Google nem sua musculatura financeira, mas o fato é que, em outras iniciativas semelhantes de concorre com produtos existentes, sua liderança não ocorreu. Talvez desde o lançamento do GMail o Google segue buscando ocupar espaços majoritários em várias áreas de aplicativos já com um claro lider de mercado. Um bom exemplo é o Google Chat, que não abalou a liderança e a versatilidade do MSN da Microsoft.

De outro lado, o Google parece ter a estratégia de abalar o Skype, às vésperas de seu IPO na bolsa americana, ao anunciar ligações para telefones fixos e celulares com preço imbatível: de graça!

Precisamos levar em conta, no entanto, que o tamanho do Google aos 12 anos de vida é tal que preocupa os Congressos e agências reguladoras de vários países, sem  falar nos players estabelecidos nas diversas área do mundo digital, que contam com um azeitado poder de lobby que não pode ser menosprezado.

Mas prestemos atenção ao Google Voice. É razoável supor que, mais cedo ou mais tarde ele esteja entre nós. E pode, efetivamente, abalar a hegemonia do Skype.

Eu, como fã de carteirinha tanto do Skype como do Google, vou acompanhar os próximos movimentos das duas gigantes com o zoom máximo de minha atenção. Pode ser que seja bom para nós, usuários. Vamos torcer que sim...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Debate dos Presidenciáveis na Internet: Um Marco Importante

Quem viu deve concordar comigo, independente de opções a candidatos: o debate de ontem promovido pelo UOL e pela Folha de São Paulo foi diferente dessa pasteurização que ocorre na TV. Viva a internet! 

Só isso?

A "audiência" somou respeitáveis 1.417.610 acessos em 127 países, e o formato do debate permitiu perguntas francas e objetivas em vídeo de eleitores de todo o Brasil.  Durante o debate, estiveram por cima dos Trending Topics do Twitter e dos comentários do Facebook temas correlatos, comentários em tempo real de milhões de internautas.

Fica patente o poder da internet de provocar, comunicar e formar opinião. Imagino que os efeitos desse debate refletirão, de algum modo, nas intenções de voto.

Como se fora em um gigantesco auditório, a participação dos internautas foi incrível, bateu recordes de audiência e a repercussão entre os políticos e a mídia tradicional foi forte e imediata.

Ou seja, não podemos mais ter eleições sem um bom debate, e a internet é o caminho. Devemos ter desdobramentos, seja pela realização de outros debates, seja pela ausência de concorrentes melhor colocados nas pesquisas para evitar exposição, o que pode ser um tiro no pé.

Vitória da tecnologia digital? Em parte, por conta da interatividade das mídias envolvidas. Mas cabe destacar ainda a competência com que o debate foi organizado. E...

Faltou o principal: a ausência do gesso artificial da lei das concessões e da lei eleitoral. Tecnicamente, nada impede que as emissoras de TV promovam debates em formatos semelhantes, mas existem obstáculos na lei das concessões que inibem as emissoras de TV e porteiras abertas na lei eleitoral que estimulam esse formato para a internet.

Ponto para a tecnologia, ponto para a democracia, muitos pontos para UOL/Folha que saiu à frente! E ponto também para os três candidatos que mostraram saber se comportar em um formato aberto à exposição de idéias e ao debate franco. Ganhamos nós, cidadãos e eleitores.

Se você não viu o debate, veja agora. Vale a pena. Os historiadores do futuro vão lembrar esse debate como o inovador do processo eleitoral.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O culpado é o Software!

Está provado: o culpado de tudo não é mais o mordomo, personagem demodé do século XX. Agora, em tempo de artefatos digitais, o novo culpado universal é o software.

Uma das últimas cenas de horror vividas pelos sofridos passageiros de avião -ou inquilinos de aeroporto- ocorreu no início de agosto, quando uma companhia aérea supostamente mudou os programas de computador que gerenciavam as escalas de tripulantes, e então houve mais uma confusão generalizada para os sofridos passageiros. Falha do software, correram a dizer seus dirigentes e portavozes.

Em passado do não tão distante ano de 2008, o apagão aéreo deixou centenas de milhares de passageiros em imensas filas nos aeroportos e então um dos vilões foi o software, dito por aqueles que deveriam ter uma solução, não uma desculpa.

Você já tentou pedir algum serviço a alguma empresa que, em retorno, diz que Nosso sistema está fora do ar temporariamente, por problemas no sistema de computação. Tente novamente mais tarde...

Nesse mundo cada vez mais digital, cada vez mais conectado, a dependência do software para um cidadão comum é cada vez maior, embora não percebamos.

O software, ou programa de computador, nada mais é do que um conjunto de regras estruturadas dizendo à máquina como as informações serão tratadas. Feita por humanos, é algo imperfeito e em eterna construção, em especial aqueles mais complexos, hoje estão presentes em nosso cotidiano, em tarefas serviços de telefonia, de energia, pagamento de impostos, de contas. Até mesmo os nossos carros estão sujeitos a recall pelos fabricantes para trocar componentes defeituosos, que vão de uma simples palheta do limpador de parabrisa até a correção -aqui ele de novo- do software de gerenciamento do motor, que, se não for feito, pode ocasionar até incêndios e explosões.

Então, o culpado é o software? O novo e tenebroso vilão do século XXI?

Na verdade, muitas vezes a desculpa do problema do software é a mais esfarrapada possível, para justificar outro tipo de problema, desde erros de especificação até falhas na sua atualização ou sobrecarga nos servidores por excesso de tráfego de dados, não antecipado na elaboração do projeto.

Isso está virando coisa banal, recorrente, até mesmo para buscar explicar o inexplicável.

Olhando do outro lado, a melhor definição que ouvi de software veio pessoalmente de ninguém menos que Bill Gates, o fundador da Microsoft. O ano era 1998, em um hotel do Walt Disney World em Orlando. Para uma platéia de 7.000 pessoas com telões por várias salas, Gates apresentava o novíssimo Windows 98, que substituiria o popular mas já ultrapassado Wndows 95. Na fase de perguntas, um jornalista disparou o tema que não podia calar: Então, com o 98 os bugs do 95 serão eliminados? E Gates, rapidinho: A imensa maioria, provavelmente sim, mas novos aparecerão. Ou como você acha que ganhamos a vida?, brincou...

A ironia estava lá, mas com uma boa dose de verdade. E, não por acaso, na demonstração, o Windows 98 travou, para constrangimento dele e delírio da platéia.

Mas, via de regra, os defeitos atribuidos ao software são frutos de mau planejamento, má execução, péssimo dimensionamento, falta de treinamento para o uso ou um conjunto das causas anteriores.


Eu que sou veterano na produção de soluções de software e no seu uso em múltiplas aplicações, normalmente reajo assim, quando ouço essas respostas-padrão:

Desculpa 1: Sinto, senhor, nosso sistema caiu e está indisponível!

Eu: Ééé? Pobre sistema, e ele se machucou? Chamaram o SAMU?

Desculpa 2:  Nós tivemos um problema na atualização da versão de nosso software de gestão, então não pudemos efetuar seu crédito


Eu: Então, já que fiquei sem grana, posso usar essa desculpa para não pagar meu imposto de renda?

Desculpa 3: Nossos servidores estão sobrecarregados e não podemos completar seu pedido da promoção. Tente mais tarde.


Eu: @#$@%$&^µ´®∂å

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As Redes Sociais ajudarão candidatos desconhecidos nas eleições de outubro?

As apostas dos candidatos a cargos majoritários nas eleições de outubro apontam para um apoio da comunicação viral das redes sociais. Embora até agora não tenhamos observado nenhum destaque, é provável que após o início do horário eleitoral gratuito, a 45 dias de 3 de outubro, os melhor estruturados no mundo virtual possam criar um diferencial importante.


Mas e os candidatos a eleições proporcionais para deputados federais e estaduais?

Em 2006, tivemos a deputada federal Manuela D'Ávila eleita pelo PCdoB no Rio Grande do Sul com uma estratégia fortemente apoiada no Orkut. Em 2010, muita gente está com perfís não só no Orkut, mas também no Facebook, no MySpace, no Twitter e outras tantas redes sociais.

O provável então é que agora a presença nas redes sociais seja quase que uma condição básica para angariar votos, e que a forma de garimpá-los nessas searas é que poderá criar um diferencial.

Excessão feita aos candidatos muito conhecidos da TV ou os que são absolutos em seus grotões eleitorais em regiões mais pobres do país, é bom lembrar que, para deputado, não basta fazer muitos votos: é preciso também estar bem colocado no ranking da coligação para chegar entre os eleitos, e aí uma diferença de poucos votos pode significar a diferença entre a diplomação e a frustração.

Eu aposto que este ano teremos mais candidatos eleitos que usaram de forma inteligente as redes sociais para mostrar suas propostas.

E você, caro eleitor digital, já procurou se informar, dentre seus contatos nas redes sociais, quais as propostas dos candidatos de seu Estado?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Livros eletrônicos caros demais. Os de papel, mais ainda!

A Amazon, desde o Natal de 2009 já vende mais títulos de livros no formato digital do que os tradicionais de papel. De lá para cá os preços dos leitores cairam rapidamente com a introdução do multifunção iPade agora a tendência é irreversível a favor do livro digital, que em prazo não muito longo, será dominante no mundo.


Enquanto isso, no Brasil...

Elio Gaspari publicou em sus coluna de ontem dois tópicos a respeito,  e com muita clareza foi direto aos dois pontos: (a) "O livro Eletrônico precisa custar menos" e (b) "Saiu Fordlândia, um grande livro".

No primeiro tópico, ele compara os preços dos leitores de livros digitais e conclui que no Brasil é preciso comprar 241 livros para quitar o leitor digital, ou, a dois títulos por mês, o brasileiro levaria dez anos para amortizar seu investimento.
 Já nos Estados Unidos, um cidadão amortiza seu investimento no 28º livro, ou, com os mesmos dois títulos por mês, em 14 meses, ou pouco mais de um ano. Ou seja, o retorno do investimento aqui se dá em um prazo praticamente dez vezes maior do que lá. Um absurdo!

No segundo tópico, ele fala desse livro fantástico sobre a experiência de Henry Ford na Amazônia do início do século passado, tentando criar uma comunidade utópica para cuidar da produção de borracha. O livro é uma delícia para entender o que deu errado, inclusive na seara da corrupção de políticos nativos. Escreve Gaspari: "Desde o ano passado pode-se comprar a edição eletrônica de "Fordlândia", em inglês, por US$ 9,99. A edição brasileira, só em papel, custa R$ 56". E eu acrescento que o preço da edição em papel lá é de US$ 12,50. Ou seja, um pelo outro, dá para comprar 3 livros de papel ou 4 eletrônicos lá pelo preço do mesmo livro de papel aqui.

Como querem os formuladores de políticas aqui na terra de Cabral fomentar a leitura desse jeito? Talvez fosse chegada a hora de estimular a concorrência nos livros de papel e aproveitar a nascente indústria de livros digitais para definir cargas tributárias menores para os tablets fabricados aqui ou importados e zero, zero mesmo de imposto nos livros digitais.


Que tal esse tema sendo debatido agora nas campanhas eleitorais?