quarta-feira, 20 de julho de 2011

Video On Demand: Finalmente Aqui

A Net vem experimentando há algumas semanas o seu serviço Now, com bastante conteúdo grátis e outros tantos pagos. Deve pegar, mas não acredito que seja um sucesso de público, ao menos por enquanto.

O conceito de Video-On-Demand já existe lá fora há tempos, e aqui ele existia em pálidas caricaturas, como nos canais de pay-per-view que, por definição, estabeleciam o horário para você assistir, não o contrário, salvo se você dispusesse de dispositivos de gravação.

Gostei do conteúdo grátis e do pago. Bons shows, bons filmes, bons documentários, coisa boa também para a criançada. O preço maior de aluguel de um filme de alta definição, em lançamento, é de R$ 9,90, competitivo com a locadora.

Mas o preço total da assinatura ainda é alto, limitando o público alvo.

A esperança está na chegada ao Brasil do Netflix, o gigante mundial dos videos, e da propalada abertura do iTunes Store para músicas, videos e livros, ambos previstos ainda para este ano.

Aí sim teremos uma boa concorrência, tanto de conteudo como de preços.

Por enquanto, vamos na opção disponível, pagando mais, commme d'habitude aqui no Brasil.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Apple: Charme Eterno?

Será que a Apple descobriu o mapa da mina inesgotável? Será que o charme de seus produtos não encontra concorrentes?

Direto aos pontos: Não, o sucesso não é eterno nem garantido e a concorrência está atenta e viva.

Independente disso, alguns fatores não foram bem abordados pela concorrência. A eles:

1- Tudo que a Apple desenvolve e produz deve responder a uma pergunta fundamental: Isso aí vai melhorar a experiência do usário? Se a resposta é não, deleta-se o projeto e começa-se tudo de novo.
2- A apresentação de cada produto ou serviço é sempre um show de marketing, eventos com luz própria, nunca em feiras gigantes. Isso garante exclusividade na atenção ao que está sendo anunciado
3- A mídia espontânea -mas nem tanto- gerada por formadores de opinião que recebem dicas antecipadas mas parciais porém relevantes do que se passa nos laboratórios da Apple. No caso do iPad, isso foi avaliado em mais de US$ 700 milhões, verba de marketing que nenhuma empresa no mundo dispõe para lançar um produto.
4- A ênfase nos detalhes de cada produto são cuidadosamente estudados para agradar compradores compulsivos, fashionistas, engenheiros, tecnófobos e outras tribos com igual atenção.
5- A expectativa dos próximos lançamentos gera animação constante e vendas adicionais dos produtos já existentes.
6- A Apple, por vocação ou junção dos fatores acima, sempre teve o foco na pessoa física, com raras incursões na pessoa jurídica. Assim, não precisou fazer compromissos com grandes contas nem com grandes e sofisticados aplicativos das corporações.

A Apple também se posiciona com muita competência com suas arquiteturas proprietárias, e aparentemente seus clientes não se importam muito com isso. Lá pela década de 1990 a companhia da maçã, patinando por sua sobrevivência, tentou licenciar a plataforma Macintosh para terceiros, visando aumentar sua base instalada. Foi um fracasso total, obrigando-a a uma retirada nada estratégica de volta ao velho caminho do exclusivo.

Esse posicionamento histórico tem seus riscos, mas eles são menores do que desejaria a concorrência.

Por exemplo, analistas são unânimes em apontar que nos próximos anos (3 a 5, dependendo da análise), a plataforma iOS será apenas a terceira mais usada em smartphones e tablets, atrás do Android, do Google e do Windows Phone, da Microsoft.

É provável que isso aconteça, mas é bom lembrar que o Android tem e terá centenas de versões e de fabricantes nas mais variadas partes do mundo. O Windows Phone será um pouco mais controlado, mas assim mesmo distribuido por múltiplos fabricantes globais.

Já a Apple seguirá sendo única. Em qualquer caso, seus smartphones e tablets tenderão a permanecer no topo da lista dos mais vendidos, contra todos os outros, isoladamente.

Parece claro ainda que na área de música e vídeo, a liderança fica com a Apple por um bom tempo. Nos notebooks, esse não é o caso, mas o topo do mercado, exatamente o mais lucrativo, percebe cada vez mais a atratividade dos Mac. Basta ver sua crescente popularidade em aeroportos, cafés e restaurantes.

Do setor de serviços, agora com o iCloud, vem mais uma tentativa de ser dominante. Sucesso que precisa de uma reinvenção, pois o MobileMe, sua base de lançamento, foi um fracasso total.

Talvez a maior ameaça para a Apple está exatamente no seu imenso sucesso, na medida em que tem mais e diversificados produtos e se propõe a ganhar mais e diversificados mercados.

Crescer e manter qualidade, segurança e especialmente controle desses mercados não são tarefas fáceis.

No conjunto da obra, é mais provável que os grandes adversários da Apple estejam mais para uma Amazon do que para uma HP, mais para um Facebook do que para uma Microsoft.

Isso sem falar na NBT, ou Next Big Thing, acrônimo que acabo de inventar para fins de argumentação. A cada década, o mundo da tecnologia nos brinda com uma nova onda. Nos anos 90, o Google, nos 00 o Facebook, agora, nos 10, ainda não tivemos algo que chacoalhasse o mercado.


Não tivemos? E essa onda da mobilidade, puxada pelo iPhone e pelo iPad? Quem inovará para valer?