terça-feira, 20 de julho de 2010

A antena do iPhone 4: Fim da era da magia?

A Apple reconheceu o problema da antena de seu mais novo sucesso, o iPhone 4, apontado por clientes e pelo Consumer Reports. Agora até o Senador democrata Charles Schumer resolve mostrar sua oportunista indignação em uma carta a Steve Jobs. É o preço do sucesso de um produto que vendeu 3 milhões de unidades em 3 semanas. Mas... será só isso?


Eu vi a entrevista coletiva à imprensa de Steve Jobs onde ele mostra o problema, compara com a concorrência e diz que vai dar de presente  uma capa protetora a todos os que comprarem um iPhone 4 até 30 de setembro. Pode ser o preço do sucesso, pode ser mais do que isso.

O simples fato de admitir o problema, e, mais do que isso, a forma direta e objetiva que Jobs reconheceu mostra uma postura diferente, proativa da companhia da maçã. Assim, os clientes podem ficar certos que uma solução aceitável virá.

Mas eu fiquei refletindo sobre a linha do tempo da tecnologia digital e cheguei a uma possibilidade que me preocupou: A Apple pode ter chegado à maturidade, refém de seu enorme sucesso e de sua gigantesca base instalada, ou melhor, de seu legado. Se levarmos em conta a base instalada de iPods, desde o Nano, dos iPhone, dos iPad, dos iMac, dos MacBook, do Itunes e Apple Store, dos quase 500.000 diferentes aplicativos e dos livros digitais agora vendidos na iBookstore, a tarefa de manter essa base talvez seja a mais complicada da história.

A computação de massa foi inventada pela IBM, com seus gigantescos mainframes, que criaram as grandes aplicações corporativas de empresas e governos. Ela simplesmente dizimou a concorrência e estabeleceu um padrão de mercado, que ficou complicado pela dificuldade de assegurar compatibilidade de aplicativos entre os diversos modelos, sistemas operacionais e gerações tecnológicas. Mais do que qualquer outra coisa, talvez esse fato tenha impedido a IBM de liderar a onda da computação pessoal, embora ela tenha criado o novo padrão, o PC de 16 bits, com o melhor sistema operacional, o PS2.

A Microsoft foi ágil e rápida para pegar o bastão e dominar o mundo da computação distribuida com a plataforma Windows e com a suite de aplicativos Office. Aqui também não teve para ninguém. A própria Apple, que lançou o primeiro produto comercial com interface de janelas, os pioneiros Macintosh não pode segurar a avalanche do Windows. A Microsoft patinou no mundo da web e da comptação móvel, onde a revitalizada Apple deu o tom, especialmente no campo dos smatrphones, com seu iPhone, já na 4a versão.

Ah! Faltou o Google, que com sua criatividade nas nuvens praticamente reinventou conceitos, inclusive na forma como o cliente está disposto a sacar seu cartão de crédito para pagar a conta.

Olhando a IBM e a Microsoft, com certeza elas não estão condenadas a um papel secundário. Elas seguem se reinventando, mas parecem ter perdido aquela característica da inovação e da sedução, fato que, há 20 anos para a IBM e há 10 anos para a Microsoft, impedia  que qualquer palestra ou paper sobre tecnologia da informação deixasse de usar referências a elas. O mesmo pode ser dito sobre a Apple e o Google hoje, em 2010.

Tenho a certeza que o trauma da antena do iPhone 4 não será o Waterloo da Apple, nem que ela deixe de inovar. Temo que ela deixe de encantar, até porque agora são muitos mihões de clientes no mundo inteiro a encantar.

Meu maior medo é que as áreas de TI e telecom, tão fantásticas que transformaram o mundo como o conhecíamos há meros 30 anos atrás em algo radicalmente diferente, com veocidade incrivelmente maior do que a soma de tudo nos 3.000 anos que os antecederam.

Se estivermos entrando numa era da TI em que haja uma consolidação forçada, como ocorreu, por exemplo, nas indústrias automobilística e farmacêutica, só para dar dois exemplos, podemos estar no limiar de uma nova era sem graça, modorrenta e cheia de mesmices.

Quem sabe começam a acontecer grandes saltos nas áreas de meio ambiente e relações sociais, usando em parte os progressos da TI?

Pode ser, mas o mundo da TI pode ficar sem graça. Tomara eu esteja errado...

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