quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O dolar barato e as compras tecnológicas do Natal

Em abril deste ano, publiquei no meu antigo blog uma nota que comemorava a possibilidade de o dólar poder ser comprado -simbolicamente- em uma loja de R$ 1,99. Àquela época, o mercado testava o patamar de R$ 2,00 (que foi rompido logo depois), dando boas oportunidades de compras de produtos de tecnologia. Estávamos próximos do Dia das Mães, e ali eu mostrava as pechinchas que viriam.

Pois é, ao chegarmos ao mês de novembro, com coceira nos bolsos e testando a velocidade do gatilho de nossos cartões de crédito, e o dólar chega a R$ 1,75, com tendência a queda.

Claro está que teremos algumas boas oportunidades de fazer uma listinha caprichada para Papai Noel, e engenhos tecnológicos para todos os gostos e orçamentos estarão nas prateleiras. E isso vai ser comentado em sucessivas postagens, à medida em que o Natal se aproxima, com grupos de sugestões agregadas por faixa de valor e utilidade, os mais caros vindo primeiro, por requererem um planejamento orçamentário mais cuidadoso.

Mas, como reflexão do dólar a R$ 1,75, quero enfatizar dois pontos importantes:

  1. Passada a barreira psicológica de R$ 2,00, e depois as de R$ 1,90 e R$ 1,80, a previsão é que a moeda americana possa chegar a R$ 1,70 no final do ano. Mas os preços relativos não estão acompanhando a queda relativa da outrora famosa moeda de referência mundial. E por dois motivos: existe uma parte dos custos que não desvaloriza, por serem marcados em real, e porque a demanda está forte, provocada por uma série de fatores conjunturais e estruturais, que os economistas já analisaram à exaustão.
  2. A meu ver, a cotação do dólar não é tanto pelo real forte e sim pela fraqueza da moeda do Tio Sam. A revista Business Week com capa de 15/10/2007 publica uma comparação interessante entre moedas "emergentes" e outras nem tanto em relação ao dólar. Vamos lá à tabelinha:

Moeda

País

Variação %

Franco

Guiné

33,79

Dalasi

Gâmbia

29,00

Nova lira

Turquia

24,34

Koruna

Eslováquia

22,08

Forint

Hungria

21,70

Real

Brasil

19,64

Dinar

Iraque

19,60

Peso

Colômbia

19,13

Krone

Noruega

18,48

Baht

Tailândia

17,31


*em relação ao dólar americano. Base setembro 2007/setembro 2006

Notem que, desse rol de países, apenas a Noruega apresenta as condições daquilo que chamamos de "primeiro mundo". Nossa moeda valorizou-se em taxas bem parecidas com as do Iraque e da Colômbia, dois países que, num primeiro momento, são associados a guerra e violência.

Minha preocupação é que, enquanto as moedas acima relacionadas têm câmbio flutuante, a China mantém o seu yuan amarrado por volta de 8:1 em relação ao dólar. Não por acaso, a China chegou ao topo do ranking de países exportadores, suplantando em poucos meses os Estados Unidos e a Alemanha, com estonteantes US$ 111 bilhões de exportações no mês de agosto. É isso mesmo! A China exporta em um mês o que nós exportamos em um ano...

Mas o que isso tudo tem a ver com as compras tecnológicas do Natal? Em tese, nada, pois Papai Noel já mandou revisar seu trenó para a grande viagem e as renas estão em processo acelerado de condicionamento físico, lá no spa da Lapônia.

Na prática, no entanto, esse quadro pode explicar alguns dos motivos pelos quais os preços não estão como gostaríamos -embora bem melhores do que em 2006- e também indicar que poderemos ter aumentos de preços em Real, em 2008, mesmo com o dólar no patamar de R$ 1,75.

Isso pode dar bons motivos -ou boas desculpas- para que a lista de Papai Noel este ano seja feita com bastante carinho e entusiasmo!

Aguardem as listas.

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