terça-feira, 1 de setembro de 2009

O GMail saiu do ar hoje. E o Cloud Computing, virou uma fria?

Hoje, no meio da tarde, o GMail, do Google, ficou fora do ar por muitos loooongos minutos. Aí foi uma chiadeira global, gerando congestionamento em outros sites, notadamente no Twitter. E a pergunta mais comum foi: será que dá para confiar em um serviço pela internet, na tão badalada filosofia de Cloud Computing?

A resposta é sim, e, queiramos ou não, os aplicativos no conceito de nuvem vieram para ficar, e, independente de nossas preces, eles eventualmente vão ficar fora do ar, ou com capacidade limitada, capengas mesmo.

O melhor comparativo que me ocorre é com a energia elétrica entregue em nossos lares, escritórios ou fábricas, que só notamos que existe quando ela falha. E o uso de geradores de emergência ou mesmo a geração própria só são considerados em caso de usos muito críticos, como em hospitais, data centers, torres de controle aéreo, só para citar os mais óbvios, ou então em lugares onde a distribuição de energia é inexistente ou pouco confiável.

O que dá para levantar a lebre é para a efetiva entrega de dados essenciais de uma pessoa ou uma organização a um serviço que vive "nas nuvens" e ninguém sabe como acionar em caso de pane ou indisponibilidade. Aí aparecem os contratos de garantia de nível de serviço, os SLA (Service Level Agreement, em inglês).

Esse tipo de contrato, cada vez mais comum, vai assegurar um nível mínimo de qualidade e de disponibilidade, por um preço combinado. Mas o problema é que ninguém vai oferecer um serviço com 100% de qualidade e 100% de disponibilidade assegurados, pois isso é impossível. E, quanto mais próximo da perfeição, mais caro os serviços vão ficando.

Assim, um SLA com disponibilidade assegurada de 99,5%, por exemplo, vai ter um preço de R$ 100, por exemplo, mas se essa disponibilidade não for suficiente e o mínimo for de 99,8%, é provável que o custo seja multiplicado por um fator de 10 ou mais.

Lembrando que, para a maioria esmagadora dos usuários do GMail o preço pago é ter de conviver com os links patrocinado na coluna da direita, até que um probleminha aqui e outro ali de vez em quando não é nada de mais. Até porque, na maioria dos casos, a conta GMail não é a única do usuário, existem serviços alternativos como o Twitter, o Skype e até mesmo o bom e velho telefone, seja fixo ou celular.

Uma dica que vale a pena, se você tem receio da integridade dos dados de sua caixa de correio do GMail: crie um back-up local deles e use a modalidade off-line do GMail quando ele estiver fora do ar.

Então, a falha do GMail nesta terça até que está dentro dos limites do aceitável, e devemos esperar outras falhas lá na frente. Sem que, por conta desses problemas, devamos desistir do GMail ou esquecer qualquer oferta de serviços de TI usando o conceito de Cloud Computing.

7 comentários:

  1. me desculpe, mas o comparativo com a energia elétrica é simplório. os elétrons da rede elétrica não contém informações sobre você ou que você necessita usar num determinado instante, como os bits numa conta do Gmail.

    o mesmo vale para geradores de emergência. eles fazem sentido quando falamos de rede elétrica, mas não quando falamos de dados.

    para rede elétrica qualquer elétron é elétron, mas para dados, os bits do último email que chegou e você precisa ler estão (ou deveriam estar) na nuvem. nesse caso, de nada adiantam os "geradores de emergência", que podemos considerar como uma cópia local da última vez que a conta de email foi sincronizada.

    isso tudo pra não falar de privacidade, que as pessoas só darão valor quando perderem.

    ResponderExcluir
  2. Michel, obrigado por seu comentário. Sua ponderação vai um pouco mais a fundo do problema, mas, definitivamente, fica fora de alguns pontos essenciais.

    Serviços de energia logo serão monitrados para você pagar tarifas diferenciadas em horários de pico. E lá estarão muitos bits sobre sua privacidade.

    Quando você se comunica por telefone, hoje em dia, as chances de você estar sendo grampeado -legalmente ou não- são próximas dos índices de audiência da rede de TV que ocupa o 2o posto.

    Sobre a privacidade da internet 'não-nuvem', pasme, mas uma parcela majoritária dos e-mails que passam pela rede, em quqleur plataforma, são monitorados, sim. E não é só na China ou em Cuba, mas nos Estados Unidos, na Rússia, no Irã, num tal de Brasil e até aqui na região do Centro Cívico de Curitiba é bom cuidar.

    Eu tive a chance de visitar um dos 'hubs'da internet lá no hemisfério norte e pude ver eles interceptarem uma mensagem de e-mail que estava indo para minha caixa postal. Não posso contar o santo, mas o milagre é esse aí. Desde então, meus e-mails são ou óbvios (os que vNao no GMail, por exemplo) ou com criptografia especial.

    Os dados sobre você, com toda a legislação que nos protege, estão cada vez mais nos órgãos governamentais, nos serviços de proteção ao crédito, nos laboratórios e centros de diagnóstico e nesses centrões de monitoramento.

    Com os carros e celulares com GPS onipresentes em 2 anos, além de tudo, os 'hômi' vão saber aonde você esteve, além do que você fez, como fez e com quem fez.

    E, de mais a mais, procedimentos de contingIencia são para uso eventual e normalmente têm menos capacidade, velocidade e custo maior, exatamente para serem usados em ocasiões raras.

    Voltando à privacidade: essa nós todos já perdemos, George Orwell ganhou. Não tem jeito: Londres já tem o dobro de webcams olhando a cidade do que habitantes. Some isso aos pontos que listei nesse comentário.

    Sobre o comentário simplório, devo dizer que procuro o linguajar mais simples, podendo argumentar em nível mais detalhado se necessário for s meu interlocutor como você.

    Mas o fato é que serviços de internet já são fornecidos, faturados e mantidos muito parecido com telefone, agua e energia. E, comparando com a água, tem os vazamentos nas redes cabeadas e sem-fio e tem até 'gato'...

    Aliás, não é só no Centro Cívico que nos bisbilhotam. Os grampos telefônicos e de internet são onipresentes nas favelas grandes onde o tráfico de drogas é forte. Guess why?

    Abraço

    ResponderExcluir
  3. eu quis focar mais no gmail, mas pode ser aplicado aos google docs e outros serviços nublados.

    a informação do comportamento de consumo energético é valiosa, mas é relativamente crua, pois não há como descobrir se essa energia foi gasta com uma geladeira ou com um servidor 24/7 que roda serviços em nuvem. já a informação coletada de e-mails é mais valiosa até que escuta telefônica, pois já vem transcrita.

    não sabia que havia tanto grampo telefônico assim... em todo caso uma solução é colocar em prática o que é
    feito nesta tirinha: http://xkcd.com/525/

    se a conexão com o servidor de e-mail não tiver ssl ou tls é moleza interceptar e-mails a partir de uma máquina na rede local. a cada dia cresce a necessidade de criptografar todo e qualquer fluxo de dados pela internet.

    a propósito, violação de correspondência é crime, porém os usuários do gmail permitem que o google leia seus e-mails ao aceitar a eula. ainda bem que os correios não nos obriga a aceitar uma eula assim pra cada correspondência...


    do meu ponto de vista, no caso de privacidade com relação governo não há muito o que possa ser feito. quem trabalha como clt já tem que fornecer ao governo, todo mês de abril, dados que alguns não dão nem às suas esposas. o problema maior está nas instituições que não deveriam ter dado algum sobre você.

    para triangular a posição de um celular basta captar a potência recebida através de três ou mais antenas de celular mais próximas. claro que celular com gps e 'phone home' facilita a tarefa.

    recentemente a amazon passou vergonha ao controlar remotamente o kindle para apagar obras do George Orwell (ironia à parte) que foram vendidas sem o consentimento do verdadeiro detentor dos direitos das obras, depositando o valor das compras nas contas dos clientes.

    fazendo uma analogia com o mundo real, a amazon invadiu sua casa, retirou alguns livros que você comprou dela e deixou o valor sobre a mesa.

    uma empresa que vende um aparelho não deveria manter tamanho controle sobre propriedade alheia.

    é por causa desse tipo de coisa que considero cada vez mais importante o uso de software livre, pois podemos verificar (ou pagar alguém de confiança para isso) o que é feito com nossos dados nos nossos computadores, celulares e etc...

    aguardo ansiosamente pelos celulares que rodam open moko (linux), pois estes serão confiáveis.

    Quanto aos procedimentos de contingência, isso vale para para os geradores de energia, mas na falta do gmail, o "gerador de emails" (cópia local dos e-mails do gmail) continua precisando de uma cópia completa e sincronizada da sua conta, afinal nunca se sabe qual e-mail você precisa num determinado momento. às vezes tudo o que você precisa é aquele telefone que está no último e-mail enviado pelo cliente.

    acho que é aqui que nossos pontos de vista divergem. claro que é não é bom ter tantas câmeras te observando quanto em londres, porém quem sai na rua sempre pôde ser observado por outra pessoa e a menos que saia disfarçado, já está aceitando que essa informação seja pública.

    além disso, os dados em vídeo são difíceis de processar devido à razão qualidade/tamanho das imagens. hoje é possível seguir qualquer cidadão, mas não todos simultaneamente.

    se toda conexão com servidores de e-mail, sites, conversas em mensageiros instantâneos fossem criptografadas, bem como todo e-mail criptografado com chaves, nossa privacidade estaria preservada em níveis toleráveis.

    agora voltando à pergunta se podemos confiar em computação em nuvem, acredito que em termos de disponibilidade de serviço sim, mas em termos de privacidade a resposta é não!

    a modalidade veio para ficar, mas não nos moldes do google (uma nuvem global), mas em bilhões de nuvens pouco conexas entre si, de diversos tamanhos, formatos e fornecedores.

    ResponderExcluir
  4. O problema não e ideológico, e sim lógico. As nuvens serão de todos os tamanhos e não e software livre ou proprietário que determina nossa privacidade e segurança.

    ResponderExcluir
  5. Então o software livre garante a minha privacidade?

    ResponderExcluir
  6. No mínimo polêmico o tema... Agradeço os comentários até aqui, lembrando apenas que temos muitos leitores/participantes que não são necessariamente especialistas em tecnologia, logo a mensagem às vezes precisa ser mais simples, como foi o caso do GMail ontem.

    Mas lembro ao Michel que os famoso "Plano B", que nada mais é do que um plano de contingência, está -ou deveria estar- presente em muitas de nossas atividades, pessoais ou profissionais.

    ResponderExcluir
  7. Eu entendi o espírito do post do Guy. Esclarecer é importante para os milhões de leigos em TI.

    A comparação com a energia é coerente, até por conta da PLC que, em breve, vai estar disponibilizando a internet pela rede elétrica.

    E quando qualquer aplicativo web sai do ar e ele é importante para quem usa, a ira não é dependente do tamanho da nuvem, se é CB ou não.

    ResponderExcluir